CURIOSIDADE:
Como calcular a carga tabágica em
maços/ano?
É útil calcular a carga tabágica,
pois relaciona duas variáveis: quantidade de cigarros fumados e anos de
tabagismo em um valor objetivo, que serve para quantificar o risco para o
início de doenças decorrentes do tabaco.
Esse cálculo é feito através do
produto maços/dia x anos de tabagismo, vale lembrar que 1 maço apresenta 20
cigarros. Por exemplo, uma pessoa que fuma 30 cigarros por dia durante 20 anos.
Qual a carga tabágica em maços/ano?
Então, se em um maço há 20 cigarros,
30 cigarros divido por 20 é igual a 1,5 maço/dia. Logo 1,5 maço x 20 anos = 30
maços/ano. Também é importante enfatizar que uma pessoa que fuma 3 maços/dia
durante 10 anos (30 maços/ano) apresenta o mesmo risco do paciente anterior,
apesar do tempo de exposição menor.
Segundo a Sociedade Brasileira de
Pneumologia e Tisiologia a DPOC começa a surgir a partir de 20 maços/ano. Sendo
mais comumente encontrado em cargas tabágicas iguais ou superiores a 40
maços/ano.
CASO
CLÍNICO VIII:
ID:
33
anos; feminino; branca; natural e residente de Curitiba-PR; secretária.
QP:
“Febre”
HMA:
Paciente
iniciou quadro de febre com calafrios de 37,5-38°C há 14 dias. Afirma que a
febre inicia-se no final do período vespertino todos os dias com alívio parcial
após uso de paracetamol 700mg. Relata outros sintomas como dispneia aos médios
esforços que piora com o decúbito lateral esquerdo, dor do tipo ventilatório
dependente em hemitórax direito, emagrecimento com anorexia de 2kg, tosse
seca e sudorese noturna. Nega quadro anterior
de IVAS, hemoptise, ortopneia, dispneia paroxística noturna, artralgias e dor
abdominal.
HMP:
Nega
asma na infância, internamentos e operações anteriores. Não faz uso de
medicamentos de uso continuo. Nega AR, LES, insuficiência cardíaca e outras
morbidades.
HMF:
Mãe
viva com 60 anos sem morbidades. Pai vivo com 63 anos hipertenso.
CHV:
Alimentação
balanceada. Tabagista com carga tabágica de 5 maços/ano. Ingere 3 latas de
cerveja aos finais de semana. Nega tóxicos e quadro semelhante com pessoas
próximas.
RS:
Sem
alterações em outros sistemas.
EXAME
FÍSICO
GERAL:
Paciente
em REG, LOTE, anictérica, hidratada, normocorada, acianótica. PA: 120-80mmHg;
pulso: 92 bpm; FR: 28: T: 38,3°C.
C/P:
Conjuntivas
úmidas e normocoradas. Esclera anictérica. Oroscopia normal. Jugulares não
ingurgitadas. Ausência de linfonodomegalia.
TÓRAX:
FTV
diminuído em terço inferior direito, macicez pétrea a percussão de terço inferior
direito, MV abolido em terço inferior direito. Presença de egofonia na parte
superior do terço inferior direito.
ACV:
BCRNFSS
ABDÔMEN:
globoso,
flácido, com RHA presentes. Som timpânico a percussão. Fígado e baço não
palpáveis. Ausência de massas ou dor a palpação. Ausência de macicez em
flancos.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Hb: 13 g/dL
HT: 45%
Leucócitos: 5100 (4.000-11.000)
- Eosinófilos 50 (N: 40-600)
- Basófilos 10 (N: 0-100)
- Linfócitos 2200 (N: 1500-3500)
- Monócitos 350 (N: 200-900)
- Neutrófilos: 2490 (N: 2500-7500)
Plaquetas: 200.000 (120.000-400.000)
Glicemia de Jejum: 95 mg/dL
Raio-x de Tórax:
Qual próximo passo?
Realizada a Toracocentese:
Aspecto do líquido: amarelo-citrino
Proteína pleural/proteína sérica: 0,7
LDH pleural/LDH sérico: 0,8
LDH pleural: 248 UI/l
LDH sérico: 310 UI/l (N: 300)
Leucometria com contagem diferencial > 1000 células/mm³
(até 1000) com predomínio de mononucleares.
pH pleural: 7,4 (N: 7,64)
Amilase pleural: 40 U/L (até 90)
Glicose pleural: 40mg/dL (N > 60)
Colesterol: 60mg/dL (N até 45)
Adenosina deaminase (ADA): 55 (N: 40)
Citologia oncótica: negativa
O líquido pleural é um exsudato ou um transudato?
Qual o provável diagnóstico etiológico?
Qual exame é muito sugestivo desse diagnóstico?
Resposta ao Caso Clínico VIII:
Resposta ao Caso Clínico VIII:
O provável diagnóstico é derrame
pleural do tipo exsudativo, causado por tuberculose pleural.
Derrame pleural pode ser
classificado em transudativo ou exsudativo. O primeiro é aquele causado pelo
aumento da pressão hidrostática capilar e/ou redução da pressão coloidosmótica
do plasma. A causa mais comum é ICC. O aumento da pressão capilar pulmonar
característica da insuficiência ventricular esquerda congestiva promove o
extravasamento de líquido do interstício para o espaço pleural. Para haver
derrame a transudação tem que ser superior a capacidade de drenagem linfática
da pleural parietal que gira em torno de 300 mL/dia. O achado de Peptídeo
Natriurético Cerebral ajuda a diferenciar a causa cardíaca da pulmonar, sendo
importante, então para confirmar a origem cardiológica. Outras causas de
derrame transudativo são síndrome nefrótica, cirrose hepática com ascite,
desnutrição proteica e TEP, que pode ser tanto transudativo (20%) como exsudativo
(80%).
O derrame exsudativo, como
observado no caso clínico anterior, ocorre em consequência a uma doença que
afeta diretamente a pleura, podendo ser de caráter infeccioso, inflamatório ou
neoplásico, ou obstrução linfática. Em todas as entidades, há um aumento da
permeabilidade capilar da pleura (visceral ou parietal), que permite o
extravasamento de proteínas ou LDH. A principal causa desse tipo de derrame é a
pneumonia bacteriana, sendo também chamado de derrame parapneumônico. Outras
causas importantes são as neoplasias, colagenoses (LES principalmente), TEP e a
própria tuberculose.
Os sintomas apresentados pelo
paciente são: dispneia que piora ao decúbito lateral do lado não comprometido
(derrame pleural à direita e o decúbito lateral esquerdo piora a falta de ar,
chama-se treptopneia), dor ventilatório dependente. Já a propedêutica de
derrame pleural é: 1) diminuição/abolição do frêmito toracovocal; 2) macicez a
percussão; 3) diminuição/abolição do MV; 4) egofonia (voz anasalada e metálica
à ausculta); 5) sopro tubário ou som bronquial próximo à borda do derrame. Pelo
raio-x, confirma-se o diagnóstico com uma hipotransparência pulmonar com uma
concavidade voltada para cima.
Após confirmação diagnóstica de
derrame pleural pela clínica, como diferencia-los? Pelos critérios de Light. A
incidência de Lawrell (decúbito lateral do lado do derrame com raios
horizontais) é útil para saber se a punção diagnóstica é possível. Isso se
houver uma lâmina de líquido maior que 10mm.
Depois da toracocentese, o aspecto
do líquido pode contribuir para o diagnóstico. A amarelo-citrino é o mais comum
de todos e pode ser tanto exsudato como transudato. Turvo significa alta
celularidade (inflamatório) ou alto teor de lipídeos (quilotórax). Hemorrágico
pode estar associado a acidente de punção, TEP, neoplasia. Purulento é
característico de empiema. Por fim, achocolatado pode significar abscesso
amebiano hepático ou derrame sanguinolento antigo.
Com a dosagem dos componentes do
líquido pleural, os critérios de Light definirão se realmente é um exsudato,
isso se: 1) relação proteína pleural/proteína plasmática > 0,5; 2) relação
LDH pleural/LDH sérico > 0,6; 3) LDH pleural acima de 2/3 do valor superior
de referência, ou seja, maior que 200. A diferença da albumina sérica menos a
pleural (apesar de não fazer parte dos critérios de Light, pode ser útil) menor
que 1,2 ajuda a confirmar um exsudato. Outros fatores disponíveis para
confirmar o exsudato são a dosagem de colesterol (> 45mg/dL). A glicose <
60 mg/dL pode ser infeccioso (parapneumônico, tuberculoso e até empiema),
neoplásico, AR ou LES. O empiema e AR fazem reduções frequentemente menores que
30. Leucometrias do líqudo pleural acima de 10.000 e principalmente maiores que
50.000 são quase exclusividade de derrame pleural parapneumônico complicado. TB
e neoplasia geralmente possuem valores menores que 5.000. A contagem
diferencial das células com predomínio de mononucleares direciona para TB,
colagenoses e neoplasia. Por fim, os exames mais específicos são: adenosina deaminase
(ADA) indica TB; citopatológico para neoplasia, amilase muito alta é de causa
pancreática; FAN, FR de LES e AR.
Logo, a paciente apresentava TB
pleural, que geralmente é uma primoinfecção e atinge jovens (<40 anos). A
clínica compatível com sudorese noturna, quadro agudo ou subagudo de febre
alta, dor pleurítica e tosse. A biopsia pleural é o exame padrão-ouro para
confirmação diagnóstica.
José Vitor Martins Lago
MUITO BOM!
ResponderExcluirMUITO BOM!
ResponderExcluirMuito bom, otimo caso, otimo exame clinico, perfeita descrição. Parabens, ccontinue nos compartilhando. Muito Obrigado.
ResponderExcluirParabéns pelo caso! Muito bem explicado.
ResponderExcluirBoa noite. Gostaria se possível do link da referencia bibliografica do indice anos/maço da SBPT. Obrigado desde já.
ResponderExcluirPuxa, depois de tantos anos, essa postagem ainda é muito útil!! Muito obrigada por compartilhar um pouco do vosso saber! Aposto que já sois ótimos médicos! Muito obrigada mais uma vez!
ResponderExcluirA SÍNDROME NEFRÓTICA é uma doença renal grave que não pode ser curada por drogas ou injeções, mas a melhor maneira de se livrar da síndrome nefrótica é tomar um medicamento fitoterápico natural para ela.
ResponderExcluirFui diagnosticado com síndrome nefrótica por 15 anos e tentei diferentes medicamentos ou tratamentos com drogas, mas todos sem sucesso. Uma amiga preciosa me contou sobre o centro de ervas Dr. James, a casa do bem-estar. Ela me deu seu endereço de e-mail, entrei em contato com ele rapidamente para que ele me garantisse que seu remédio fitoterápico curará minha síndrome nefrótica. e eu estarei curado para sempre eu disse Ok. Eu perguntei a ele sobre o processo de cura, ele me pediu para pagar as taxas que eu fiz e em 5 dias úteis ele me mandou o fitoterápico então ele me instruiu sobre como beber de manhã e à noite durante duas semanas para ficar curado. Eu contei a Gomez meu amigo sobre o remédio fitoterápico, então ele me deu ir em frente para bebê-lo. Então, depois de beber por duas semanas, fiquei curado da síndrome nefrótica. Estou muito grato e prometi que recomendaria qualquer pessoa com síndrome nefrótica ao Dr. James e é isso que estou fazendo. A medicina mista de ervas do Dr. James me fez acreditar que há esperança para as pessoas que sofrem de doença de Parkinson, esquizofrenia, câncer, escoliose, câncer de bexiga, câncer colorretal, câncer de mama, câncer de rim, leucemia, câncer de pulmão, câncer de pele, câncer de útero, Câncer de próstata, fibromialgia, a
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