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segunda-feira, 14 de outubro de 2013

SEMIOLOGIA II

CURIOSIDADE:


QUEM TEVE A IDEIA DE ESTUDAR A ANATOMIA 
DOS CADÁVERES?

Os primeiros a estudar anatomia em cadáveres não foram médicos, foram artistas! Pintores e escultores buscavam maior conhecimento sobre o corpo humano para poder reproduzi-lo mais fielmente em suas obras.  O próprio Leonardo da Vinci, artista famoso que viveu no século XV, era um grande anatomista.

Referência:
Scliar, M. O livro da medicina. São Paulo: Schwarcz, 2000.

CASO CLÍNICO IX:

Anamnese:
Identificação: RS; 35 anos; masculino; caucasiano; espírita; cobrador de ônibus, solteiro; natural de Curitiba-PR; reside no Bigorrilho – Curitiba; Referência: o próprio paciente.

Queixa Principal: “Sangue na urina”.

História da Moléstia Atual: Paciente refere ter iniciado há 3 dias com hematúria ao final da micção. Há 12 dias vinha apresentando disúria, dor em flancos do tipo cólica (não irradiada), piúria, febre (38,5ºC), sudorese noturna. Nos últimos dois meses apresentou perda de peso (perdeu 8kg de 75kg), anorexia, astenia e tosse produtiva. Nega outros sintomas associados.

História Mórbida Pregressa: Nega doenças da infância e comorbidades atuais. Refere apendicectomia há 15 anos. Nega outras cirurgias ou internamentos anteriores, alergias e uso regular de medicamentos.

História Mórbida Familiar: avó possui HAS. Nega outras comorbidades bem como afecções renais.

Condições e Hábitos de Vida: Nega tabagismo e etilismo. Refere ser heterosexual, sem parceira fixa, tendo no último ano um total de 10 parceiras diferentes.

Perfil Psicosocial: Mora sozinho, mas tem contato frequente com seus pais. Pratica atividades físicas de hipertrofia muscular 3 vezes na semana.

Revisão de Sistemas: Não há outras queixas.

Exame físico:

Geral: paciente em regular estado geral (REG), pálido, desidratado, anictérico, LOTE.
PA: 120X80; Pulso: 104; FR: 18; T: 38,2ºC.
Cabeça e pescoço: mucosas pálidas e desidratadas. Sem linfonodomegalia. Jugulares não ingurgitadas.
Aparelho respiratório: eupnéico, mv + bilateralmente, som claro atimpânico a percussão, expansibilidade e FTV normais. Sem ruidos adventícios.
Aparelho cardiovascular: bulhas cardíacas rítmicas e normofonéticas. Sem sopros.
Abdome: plano, RHA presentes, flácido, timpânico a percussão, dolorido a palpação de hipogástrio e flancos, ausência de massas palpáveis. Hepatimetria normal. Giordano -.
Membros: ausência de edema, pulsos presentes, perfusão normal.

Exames complementares:

Hemograma:
         Hb: 11,5
         Leucocitose: 18.000
         Trombocitose: 450.000
Urinálise: piúria e hematúria com cultura negativa. pH ácido.
VHS elevado: 60 na 1ª hora.

Pergunta:
   1. Quais destes achados laboratoriais mais nos ajudam com o diagnóstico   diferencial?
     2.   Quais outros exames poderiam contribuir com o diagnóstico?
     3.   Qual exame poderíamos solicitar para obter o diagnóstico definitivo?
    
    Resposta:
    1.   Não é patogonomônico, mas a tríade hematúria, piúria asséptica e pH ácido diante deste quadro clínico pode sugerir tuberculose renal.
     2.   Outros exames complementares:
         RX de tórax: infiltrados no lobo superior do pulmão
         Microscopia BAAR +
         Teste tuberculínico (PPD): reator forte.
          Urografia excretora:
   
  3.   A cultura de três amostras de urina pela manha forneceria o diagnóstico definitivo.
    
    Diagnóstico: TUBERCULOSE RENAL

     A tuberculose (TB) é causada por bactérias do complexo Mycobacterium tuberculosis e afeta habitualmente os pulmões.  A transmissão ocorre por disseminação aérea de perdigotos produzidos por pacientes com TB pulmonar infecciosa. Pode acometer outros órgãos em 33% dos casos, sendo o rim acometido em 10-15%. O bacilo alcança o rim pela via hematogênica e frequentemente se associa com lesões genitais. A tuberculose renal incide com mais frequência em homens entre a segunda e quarta décadas de vida.
       Os principais sintomas da TB renal são disúria, hematúria, dor em flancos ou abdominal, piúria. Pode ser assintomática (20% dos casos). Pode estar associada à infecção pulmonar ativa, apresentando, concomitantemente, febre diurna, sudorese noturna, perda de peso, anorexia, mal-estar geral, astenia, tosse produtiva.
      O exame de urina pode apresentar piúria e hematúria, sendo que piúria com cultura negativa em urina ácida levanta a suspeita de tuberculose. A pielografia intravenosa, TC de abdome ou RM, urografia excretora podem revelar deformidades e obstruções. Calcificações e estenoses ureterais constituem achados sugestivos. A cultura de três amostras de urina pela manha fornece o diagnostico definitivo. Ainda nos exames complementares, pode apresentar infiltrados no lobo superior do pulmão no RX de tórax, microscopia BAAR, PPD +, anemia discreta, leucocitose, trombocitose, VHS elevado.

     Referências:
     
    HARRISON, Tinsley Randolph; FAUCI, Anthony S. Harrison manual de medicina. 17. ed. Porto Alegre: AMGH Ed., 2011.
    PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Semiologia médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.
  CAPONE, Domenico  et al. Tuberculose extrapulmonar. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, 2006.

Dâmia Kuster Kaminski Arida

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