SEMIOLOGIA II
CURIOSIDADE:
QUEM
TEVE A IDEIA DE ESTUDAR A ANATOMIA
DOS CADÁVERES?
Os primeiros a estudar
anatomia em cadáveres não foram médicos, foram artistas! Pintores e escultores
buscavam maior conhecimento sobre o corpo humano para poder reproduzi-lo mais
fielmente em suas obras. O próprio Leonardo
da Vinci, artista famoso que viveu no século XV, era um grande anatomista.
Referência:
Scliar, M. O livro da
medicina. São Paulo: Schwarcz, 2000.
CASO CLÍNICO IX:
Anamnese:
Identificação: RS; 35
anos; masculino; caucasiano; espírita; cobrador de ônibus, solteiro; natural de
Curitiba-PR; reside no Bigorrilho – Curitiba; Referência: o próprio paciente.
Queixa Principal: “Sangue na
urina”.
História da Moléstia Atual: Paciente refere ter iniciado há 3 dias com hematúria ao final da
micção. Há 12 dias vinha apresentando disúria, dor em flancos do tipo cólica
(não irradiada), piúria, febre (38,5ºC), sudorese noturna. Nos últimos dois
meses apresentou perda de peso (perdeu 8kg de 75kg), anorexia, astenia e tosse
produtiva. Nega outros sintomas associados.
História Mórbida Pregressa: Nega doenças da infância e comorbidades atuais. Refere apendicectomia
há 15 anos. Nega outras cirurgias ou internamentos anteriores, alergias e uso
regular de medicamentos.
História Mórbida Familiar: avó possui HAS. Nega outras comorbidades bem como afecções renais.
Condições e Hábitos de Vida: Nega tabagismo e etilismo. Refere ser heterosexual, sem parceira fixa,
tendo no último ano um total de 10 parceiras diferentes.
Perfil Psicosocial: Mora sozinho, mas tem contato frequente com seus pais. Pratica
atividades físicas de hipertrofia muscular 3 vezes na semana.
Revisão de Sistemas: Não há outras queixas.
Exame
físico:
Geral: paciente em
regular estado geral (REG), pálido, desidratado, anictérico, LOTE.
PA: 120X80; Pulso: 104; FR: 18; T: 38,2ºC.
Cabeça e pescoço: mucosas pálidas
e desidratadas. Sem linfonodomegalia. Jugulares não ingurgitadas.
Aparelho respiratório: eupnéico,
mv + bilateralmente, som claro atimpânico a percussão, expansibilidade e FTV
normais. Sem ruidos adventícios.
Aparelho cardiovascular: bulhas
cardíacas rítmicas e normofonéticas. Sem sopros.
Abdome: plano, RHA presentes,
flácido, timpânico a percussão, dolorido a palpação de hipogástrio e flancos,
ausência de massas palpáveis. Hepatimetria normal. Giordano -.
Membros: ausência de
edema, pulsos presentes, perfusão normal.
Exames
complementares:
Hemograma:
Hb:
11,5
Leucocitose:
18.000
Trombocitose:
450.000
Urinálise: piúria e
hematúria com cultura negativa. pH ácido.
VHS elevado: 60
na 1ª hora.
Pergunta:
1. Quais destes achados laboratoriais mais nos ajudam com o
diagnóstico diferencial?
2. Quais outros exames poderiam contribuir com o
diagnóstico?
3. Qual exame poderíamos solicitar para obter o diagnóstico
definitivo?
Resposta:
Resposta:
1. Não é patogonomônico, mas a tríade hematúria, piúria asséptica
e pH ácido diante deste quadro clínico pode sugerir tuberculose renal.
2. Outros exames complementares:
RX de tórax:
infiltrados no lobo superior do pulmão
Microscopia BAAR +
Teste
tuberculínico (PPD): reator forte.
Urografia
excretora:
3. A cultura de três amostras de urina pela manha forneceria
o diagnóstico definitivo.
Diagnóstico:
TUBERCULOSE RENAL
A tuberculose (TB) é causada
por bactérias do complexo Mycobacterium
tuberculosis e afeta habitualmente os pulmões. A transmissão ocorre por disseminação aérea
de perdigotos produzidos por pacientes com TB pulmonar infecciosa. Pode
acometer outros órgãos em 33% dos casos, sendo o rim acometido em 10-15%. O
bacilo alcança o rim pela via hematogênica e frequentemente se associa com
lesões genitais. A tuberculose renal incide com mais frequência em homens entre
a segunda e quarta décadas de vida.
Os principais sintomas da TB
renal são disúria, hematúria, dor em flancos ou abdominal, piúria. Pode ser
assintomática (20% dos casos). Pode estar associada à infecção pulmonar ativa,
apresentando, concomitantemente, febre diurna, sudorese noturna, perda de peso,
anorexia, mal-estar geral, astenia, tosse produtiva.
O exame de urina pode
apresentar piúria e hematúria, sendo que piúria com cultura negativa em urina
ácida levanta a suspeita de tuberculose. A pielografia intravenosa, TC de
abdome ou RM, urografia excretora podem revelar deformidades e obstruções.
Calcificações e estenoses ureterais constituem achados sugestivos. A cultura de
três amostras de urina pela manha fornece o diagnostico definitivo. Ainda nos
exames complementares, pode apresentar infiltrados no lobo superior do pulmão
no RX de tórax, microscopia BAAR, PPD +, anemia discreta, leucocitose,
trombocitose, VHS elevado.
Referências:
HARRISON, Tinsley Randolph; FAUCI, Anthony S. Harrison
manual de medicina. 17. ed. Porto Alegre: AMGH Ed., 2011.
PORTO, Celmo Celeno; PORTO,
Arnaldo Lemos. Semiologia médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2011.
CAPONE, Domenico et al. Tuberculose extrapulmonar. Revista
Hospital Universitário Pedro Ernesto, 2006.
Dâmia Kuster Kaminski Arida
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