02/12/12
Curiosidade:
Esclerose Lateral Amiotrófica
(Parte 2):
ELA também é chamada
de Doença de Charcot ou Doença de Lou Gehrig.
Doença de Charcot por
ter sido descrita pela primeira vez em 1869 pelo neurologista Jean-Martin
Charcot.
Já os americanos também a
chamam de Lou Gehrig’s Disease.
Por que Doença de Lou Gehrig?
Isso se deve pelo fato de
que ELA acomete muitos ex-atletas, dentre eles, Lou Gehrig, um grande jogador
de baisebol, nas décadas de 1920 e 1930. O "cavalo de ferro" como era
denominado, destacava-se pela força física e pela força que ele batia na bola
com o seu bastão.
Lou Gehrig é o maior
responsável pela possível explicação fisiopatogênica que acometeria bastantes
atletas, com pré-disposição genética, em decorrência do estresse muscular. O
ex-jogador de beisebol jogou 2130 partidas. Contudo, acredita-se
que tal teoria não passa de uma especulação para causa da doença e, sim, seja
um fator ambiental de gatilho.
Um estudo italiano,
realizado na Universidade de Turim, mostrou maiores índices em atletas de
futebol do que a população em geral e elaborou uma possível hipótese para isso:
existiria uma neurotoxina nos gramados, responsável pela contaminação.
Uma contraposição a esse estudo seria que os jardineiros, então, seriam mais
afetados até mesmo que os jogadores.
Além disso, existem
outras especulações como o contágio de ELA através de um príon de ação
latente, contudo não existem evidências. A incidência em profissionais
médicos que lidam com portadores da doença não é aumentada.
Teoria amplamente aceita,
atualmente, é a que associa fatores genéticos e toxicidade. Tal
teoria afirma que ELA esporádica ocorre em pessoas com uma predisposição
genética à degeneração dos neurônios motores e que a doença é desencadeada por
fatores ambientais. Um estudo mostrou que 42% dos pacientes com ELA esporádica
têm um defeito no gene que controla a proteína EAAT2, uma proteína que auxilia
a regular os níveis cerebrais de glutamato. O nível cerebral de
glutamato é considerado um fator na degeneração dos neurônios motores.
Curiosidade:
Esclerose
Lateral Amiotrófica (ELA):
Nascido em Oxford, Stephen
Hawking é um exemplo do triunfo frente à adversidade, já que aos 21 anos
foi diagnosticado com ELA. Chegaram a lhe dar apenas alguns anos de vida. Mas,
apesar de ter perdido o movimento de suas extremidades e da musculatura,
inclusive a força do pescoço para manter-se com a cabeça erguida, Hawking chega
aos 70 anos como o cientista mais famoso do mundo.
Stephen Hawking |
Mostrou, ao lado de seus companheiros, que a Teoria da
Relatividade de Albert Einstein implica que o espaço e o tempo hão de ter um
princípio, o chamado “Big Bang”, e um final dentro dos buracos negros.
Ateísta agnóstico, Hawking em uma de suas frases:
"O universo é governado pelas leis da
ciência. As leis podem ter sido criadas por um Criador, mas um Criador não
intervém para quebrar essas leis".
Identificação:
11
anos, feminino, branca.
Queixa Principal: “Dor de cabeça”
História
Mórbida Atual: Paciente refere cefaléia com piora
progressiva há três meses que se iniciou após um episódio convulsivo
generalizado. A cefaléia é diária, de grande intensidade, pulsátil, fronto-temporal
bilateralmente. Relata que houve piora há duas semanas com surgimento de
queixas visuais como diplopia, e irradiação da cefaléia para pescoço e membro
superior direito. Como sintomas associados apresenta vômitos sem naúsea,
astenia e sonolência excessiva, febre não aferida. Nega epilepsia, trauma e
sintomas respiratórios.
História
Mórbida Pregressa: Apresentou sarampo com 2 anos, nega rubéola
e herpes. Nega internamentos e operações anteriores. Nega doenças como HIV, DM.
Em uso de hidrocortisona 25 mg/dia há quatro anos por hiperplasia adrenal
congênita. Nega transfusões e alergias.
História
Mórbida Familiar: Mãe e pai saudáveis sem comorbidades como
enxaqueca.
Condições
e Hábitos de Vida: Mora em casa de alvenaria com água e esgoto
tratados, não possui animais domésticos como gatos em casa. Alimentação
saudável. Nega contato com tuberculosos, viagens, afirma inalação de eucalipto
um pouco antes ao caso.
Perfil
Psicossocial: Mora com os pais e estuda das 7h30 ao meio
dia. Interpreta a doença como grave.
Revisão
de Sistemas: Refere estrias violáceas no abdômen, sem
outras queixas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneica,
anictérica, desidratada (+/4+) e normocorada. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 140-80 mmHg; T: 38,0°C; Pulso: 56
bpm; FR: 20 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose, icterícia e rash cutâneo, presença
de estrias violáceas em abdômen.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e fotorreagentes.
Escleras anictéricas e conjuntivas normais. Vasos sublinguais cheios. Tireóide
normal. Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Expansibilidade torácica normal. Tórax
simétrico, sem retrações. Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas normofonéticas rítmicas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem alterações
tróficas ou de coloração.
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral,
estrias violáceas. RHA normais. Ausência de hepatoesplenomegalia. Indolor a
palpação superficial e profunda, sem massas.
Exame
Musculo Esquelético: Sem sinais flogísticos em articulações,
mobilidade passiva normal.
Exame
Neurológico:
Estado Mental: Lúcida e orientada em tempo e espaço.
Nervos cranianos: I- olfato normal, II- papiledema
bilateral e diplopia, III, IV normais, V- motor- força normal dos músculos da
mastigação, sensorial- sem alteração nas três regiões, VI- paralisia medial
bilateralmente VII- sem anormalidades, VIII- audição bilateral ao relógio, IX e
X – reflexo de vômito preservado, ausência do sinal da cortina; XI; força do
ECM e trapézio 5/5; XII: língua na linha média.
Força e tônus muscular: tônus preservado nos quatro
membros, 4+/5 em ombros, 4+/5 bíceps, 4+/5 tríceps, 4+/5 preensão, 4+/5
quadril, 4+/5 coxas, 4+/5 perna e 4+/5 pés a direita, sem alterações a
esquerda.
Reflexos tendíneos:
Reflexos
|
Bíceps
|
Tríceps
|
Braquiorradial
|
Patelar
|
Aquileu
|
Cutâneo Plantar
|
direito
|
++
|
++
|
++
|
++
|
++
|
Em flexão
|
esquerdo
|
++
|
++
|
++
|
++
|
++
|
Em flexão
|
Sensibilidade: preservada bilateralmente.
Marcha: sem alterações.
Coordenação: movimentos rápidos e alternantes das mãos
normais, index-nariz sem alteração.
Equilíbrio: sem alterações
Sinais de Kernig e Brudzinski presentes.
Exames
Complementares:
TC de crânio: aumento do volume dos ventrículos
laterais; borramento difuso dos sulcos corticais; sem desvios ou sinais de
sangramento.
LCR: 17 leucócitos (100% mononucleares), hipoglicorraquia,
hiperproteinorraquia, pressão de abertura elevada.
Feita a coloração de Nanquim que evidenciou:
RNM: colabamento do aqueduto cerebral com
dilatação triventricular.
Qual o provável diagnóstico?
Qual a síndrome que a paciente apresenta?
18/11/12
Curiosidade:
Origem da palavra enxaqueca:
Galeno, 200 anos depois de
Cristo, denominou a dor de cabeça que acometia um lado somente do crânio de
característica pulsátil de Hemikrania.
A partir daí, sobre influência árabe na Península Ibérica, o vocábulo foi
traduzido para o árabe “ash-shakíka” e os espanhóis incorporaram o
termo como “jaqueca” e, em seguida, na língua portuguesa como enxaqueca. Já pela língua inglesa e
francesa, o vocábulo hemicrania originou migraine,
transformando-se na palavra universalmente usada para designar essa patologia.
No Papiro de Ebers, 1200
a.C, há um relato do tratamento da cefaléia: “O médico deve amarrar à cabeça do paciente um crocodilo feito de barro,
com olhos de louça e trigo na boca, usando uma faixa de puro linho sobre a qual
devem estar escritos os nomes dos Deuses”.
Tratamento egípcio da cefaléia |
A explicação disso consiste no
Deus Sobek, simbolizado como um Deus na forma de réptil. Ele representava os
quatro elementos: terra, fogo, água e ar. Como naquela época acreditava-se,
pelo senso comum, que a causa da cefaléia era um desequilíbrio entre tais forças,
então, amarrando uma estatueta na cabeça resolveria a dor.
Deus Sobek |
Caso
Clínico XI:
Identificação:
masculino,
65 anos, branco, aposentado.
Queixa
Principal: “Falta de força do lado direito”
Fonte:
Esposa
e paciente
História
Mórbida Atual: Esposa relata que há 3 horas foi acordada
por seu esposo, referindo dificuldade para movimentar o lado direito do corpo
ao acordar para ir ao banheiro e associado a isso notou desvio de rima labial
para o lado esquerdo e disartria.
O paciente referiu estar com uma cefaléia de leve
intensidade, holocraniana, latejante, sem irradiação para pescoço e sem
náuseas. Negou parestesias, alterações visuais ou de deglutição e episódios
anteriores semelhantes.
História
Mórbida Pregressa: Há 3 anos foi submetido à cirurgia por
fratura em fêmur direito após queda, sem complicações pré ou pós operatórias.
Prostatectomia há 8 meses por provável hiperplasia benigna de próstata. Relata
HAS em uso regular de propranolol 40 mg de 12/12h há 10 anos. Nega DM,
dislipidemia e doença valvar.
História
Familiar: Mãe faleceu aos 66 anos de IAM e pai aos 55 de AVE.
Condições
e Hábitos de Vida: Alimentação saudável, evita alimentos
gordurosos. Tabagista há 40 anos, 1 maço por dia. Refere ingesta de álcool
somente em situações festivas em quantidade moderada. Não prática exercícios.
Perfil
Psicossocial: Mora apenas com a esposa em um apartamento
de dois dormitórios. Tem dos filhos casados que moram distante. Estudou até o
2º grau e trabalhou como bancário. A renda familiar atual vem de sua aposentadoria,
dos trabalhos de sua esposa como costureira e do auxílio dos filhos, quando necessário.
Não tem tido grandes dificuldades em manter suas necessidades e da esposa com relação
ao seu padrão de vida atual. Passa a maior parte do tempo em casa lendo ou
assistindo televisão, mas gosta de visitar os filhos e seus dois netos, e,
eventualmente, irmãos e alguns amigos. Refere resistência a ir ao médico.
Apresenta-se assustado com seu estado atual.
Revisão
de Sistemas: Sistema Cardiovascular: palpitações episódicas
tendo negado dor precordial; Sistema
Respiratório: tosse com relativa freqüência e escarro eventual,
transparente. Sistema Gastroinstestinal:
pirose freqüente nos últimos dois meses.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneico,
anictérico, hidratado e normocorado. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 200-100 mmHg; T: 36,9°C; Pulso: 104 bpm,
irregularmente irregular; FR: 20 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose e icterícia.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e fotorreagentes.
Escleras anictéricas e conjuntivas normais. Vasos sublinguais cheios. Tireóide
normal. Jugulares planas e carótida esquerda com sopro sistólico. Linfonodos
impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax:
Expansibilidade torácica normal. Tórax aumentado antero-posteriormente.
Diminuição dos murmúrios vesiculares e roncos em bases bilateralmente.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas arrítmicas hipofonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem alterações
tróficas, edema e mudanças de coloração.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
|
Direito
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Esquerdo
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial
e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Exame
Musculo Esquelético: Sem sinais flogísticos em articulações,
mobilidade passiva normal.
Exame
Neurológico:
Estado
Mental: Lúcido, orientado em tempo e espaço.
Nervos
cranianos: I- olfato normal, II- visão normal, III, IV e IV
movimentos extraoculares normais, V- motor- força normal dos músculos da
mastigação, sensorial- sem alteração nas três regiões, VII- motor- paralisia
facial central direita, sensorial- paladar não testado, VIII- audição bilateral
ao relógio, IX e X – reflexo de vômito preservado, ausência do sinal da cortina,
disartria; XI; força do ECM e trapézio 5/5 à esquerda e 3/5 à direita; XII:
língua na linha média.
Força
e tônus muscular: tônus preservado nos quatro membros, 4/5
em ombro, 4/5 bíceps, 3/5 tríceps, 3/5 preensão, 4/5 quadril, 4/5 coxa, 4/5 perna
e 3/5 pé direitos, o lado esquerdo encontra-se 5/5.
Reflexos
tendíneos:
Reflexos
|
Bíceps
|
Tríceps
|
Braquiorradial
|
Patelar
|
Aquileu
|
Cutâneo Plantar
|
direito
|
+++
|
++++
|
+++
|
++
|
++
|
Em extensão
|
esquerdo
|
++
|
++
|
++
|
++
|
++
|
Em flexão
|
Sensibilidade: sem
alterações.
Marcha: espástica
à direita.
Coordenação: prejudicada
pela redução da força à direita.
Equilíbrio: Romberg
com queda para direita.
Sem
sinais meningo-radiculares.
Qual o provável diagnóstico?
Qual é a provável patologia de base?
Resposta
ao Caso Clínico XI:
O provável diagnóstico é acidente vascular encefálico (AVE). Clinicamente, definido como
déficit neurológico, geralmente focal, de instalação súbita ou com rápida
evolução sem outra causa aparente que não vascular, com duração maior que 24
horas ou, quando menor, levando à morte. Essas causas vasculares incluem alterações
estruturais dos vasos e funcionais, relacionadas ao fluxo sanguíneo e ao
sistema de coagulação. Pode ser dividido em AVE isquêmico e hemorrágico.
Neste caso, o paciente apresentava como fatores de
risco para doença: tabagismo, HAS e
fibrilação atrial. Percebe-se que o paciente apresenta bulhas arrítmicas e
o pulso é irregularmente irregular, típico de FA. É importante instituir o
tratamento de maneira mais precoce possível para reverter áreas de penumbra.
Ao exame físico percebe-se sopro em carótida esquerda e
sintomas motores no hemisfério oposto, caracterizando uma síndrome do neurônio
motor superior com hiperreflexia, marcha espástica e Sinal de Babinsky.
José Vitor
M. Lago
11/11/12
Curiosidade:
Trepanação
Trepanação, do grego trupanon, que significa “abrir um buraco”, é um conceito usado para
definir um procedimento cirúrgico que é a retirada de uma porção do crânio. Ou
seja, abrem-se 'buracos' no crânio.
A trepanação é utilizada ainda hoje, muitas vezes para drenar hematomas cerebrais.
No entanto, há uma hipótese popular, que afirma que a trepanação é utilizada para aumentar a inteligência.
A trepanação é utilizada ainda hoje, muitas vezes para drenar hematomas cerebrais.
No entanto, há uma hipótese popular, que afirma que a trepanação é utilizada para aumentar a inteligência.
Era praticada em ampla escala na Antiguidade e Idade Média. Essa
técnica, nos tempos antigos, tinha como objetivo eliminar os maus espíritos e
demônios do paciente, mas não apresentavam nenhum significado terapêutico. A
sobrevivência ao procedimento nos séculos antes da Idade Média era de
aproximadamente 70%, mas durante os séculos XIV a XVIII caiu praticamente a
zero, devido ao pouco cuidado dos realizadores de tal prática, que acabavam
perfurando as meninges do paciente e causando uma hemorragia incontrolável. Há
relatos de cirurgias desse porte no Egito e na Mesopotâmia, nas quais o
paciente era dopado com uma bebida alcoólica e depois tinha seu crânio aberto
por um instrumento pontiagudo.
Caso Clínico
X:
Identificação:
33 anos, pardo, masculino, pedreiro, casado,
residente e natural de Curitiba-PR
Queixa
Principal: “Fraqueza nas pernas”
História
Mórbida Atual: Há 5 dias iniciou quadro de fraqueza em MMII, que iniciou nos pés e ascendeu até as coxas de maneira
simétrica. Refere que o quadro é de alta intensidade e que não consegue mais
deambular, devido ao sintoma. Relata que a duração é contínua e há piora
progressivamente. Como sintomas associados refere fraqueza MMSS que iniciou há
três dias e progrediu das mãos para os braços, sudorese e alterações leves na
sensibilidade. Nega febre, liberação de esfíncteres e dispnéia.
História
Mórbida Pregressa: Nega doenças na infância, operações e internamentos
anteriores. Há 3 semanas apresentou um quadro de infecção intestinal. Nega
outras doenças, alergias e utilização de medicamentos.
História
Familiar: Pai faleceu aos 56 de IAM, mãe viva sem
comorbidades.
Condições e
Hábitos de Vida: Mora em casa de alvenaria com água e esgoto
tratado, alimentação boa com bastantes fibras. Nega tabagismo e alcoolismo.
Nega relação sexual com múltiplas parceiras e faz uso de preservativo.
Perfil
Psicossocial: Mora com a esposa. Trabalha das 7h as 18h como
pedreiro. Espera melhorar logo da doença que tem o casamento do primo em uma
semana.
Revisão de
Sistemas: Sem anormalidades pertinentes a outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneico,
anictérico, hidratado e normocorado. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 120-80 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 80 bpm;
FR: 16 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose e icterícia.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e fotorreagentes.
Escleras anictéricas e conjuntivas normais. Vasos sublinguais cheios. Tireóide
normal. Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Expansibilidade torácica normal. Tórax
simétrico, sem retrações. Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem alterações
tróficas ou de coloração.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
|
Direito
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Esquerdo
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial
e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Exame
Musculo Esquelético: Sem sinais flogísticos em articulações,
mobilidade passiva normal.
Exame
Neurológico:
Estado
Mental: Lúcido, orientado em tempo e espaço.
Nervos
cranianos: I- olfato normal, II- visão normal, III, IV e IV
movimentos extraoculares normais, V- motor- força normal dos músculos da
mastigação, sensorial- sem alteração nas três regiões, VII- motor- fraqueza
facial, sensorial- paladar não testado, VIII- audição bilateral ao relógio, IX
e X – reflexo de vômito preservado, ausência do sinal da cortina; XI; força do
ECM e trapézio 5/5; XII: língua na linha média
Força
e tônus muscular: tônus preservado nos quatro membros, 4/5
em ombros, 4/5 bíceps, 4/5 tríceps, 3/5 preensão, 4/5 quadril, 3/5 coxas, 3/5 perna
e 3/5 pés
Reflexos
tendíneos:
Reflexos
|
Bíceps
|
Tríceps
|
Braquiorradial
|
Patelar
|
Aquileu
|
Cutâneo Plantar
|
direito
|
+
|
+
|
0
|
+
|
0
|
Em flexão
|
esquerdo
|
+
|
+
|
0
|
+
|
0
|
Em flexão
|
Sensibilidade:
sensibilidade protopática e epicrítica levemente diminuídas, principalmente em
extremidades de membros.
Marcha: não
avaliada
Coordenação:
movimentos rápidos e alternantes das mãos normais, index-nariz sem alteração
Equilíbrio:
não testado
Qual o provável diagnóstico?
Resposta
ao Caso Clínico X:
O
provável diagnóstico é Síndrome de Guillain-Barré (SGB). Tal patologia parece
estar relacionada com anticorpos contra a bainha de mielina principalmente de
nervos motores, mas também sensitivos. Geralmente, em 2/3 dos casos com SGB,
uma infecção respiratória aguda ou gastrointestinal antecede o quadro de 1-3
semanas, como no caso X. Os agentes relacionados são: Campylobacter jejuni
(32%), CMV, Epstein-Barr, Mycoplasma pneumoniae, hepatites, HIV. Menos importantes são as
vacinas com agentes atenuados ou mortos, gravidez e cirurgias.
A principal manifestação clínica é o comprometimento periférico ascendente e geralmente
simétrico, com predominância motora sobre a sensitiva. Portanto, no
exame neurológico, há arreflexia ou hiporreflexia, fraqueza muscular, pode
haver alterações leves a moderadas na sensibilidade. Geralmente dentre os
nervos cranianos, o facial é o mais acometido.
José Vitor
Martins Lago
04/11/12
Curiosidade:
O
que são sincinesias?
Movimentos involuntários surgidos exclusivamente em
condições patológicas quando outros movimentos conscientes e voluntários são
realizados. São movimentos que imitam grosseiramente os realizados pelo lado
sadio. Ocorre em lesões do neurônio motor superior.
Caso
Clínico IX:
Identificação: 79 anos, masculino,
caucasiano, casado, aposentado
Queixa
Principal: “Fraqueza muscular”
História
Mórbida Atual: Paciente refere que há 2 meses iniciou
dificuldade para mastigar sólidos e disfagia. Relata que a duração é constante,
porém há piora ao longo da refeição e do dia. Como sintomas associados refere
que há 3 semanas iniciou fraqueza na musculatura ocular e diplopia, com
dificuldade para ler textos por mais de 3 minutos. Nega tosse, dispnéia,
odinofagia, fraqueza em membros, fasciculações e atrofia de língua.
História
Mórbida Pregressa: Nega doenças na infância. Refere AVE há 3
anos, patologia prostática mal esclarecida, hipertenso. Em uso de AAS 100
mg/dia e lisinopril 5 mg/dia.
História
Mórbida Familiar: Pai faleceu aos 60 de IAM e mãe aos 56 de
AVE. Nega história de CA na família.
Condições
e Hábitos de Vida: Alimentação saudável com bastante fibras,
nega ingerir chimarrão ou bebidas quentes. Nega tabagismo e etilismo.
Perfil
Psicossocial: Mora com a esposa e como rotina faz as
atividades diárias da casa. Ensino superior completo em direito. Interpreta a
doença como debilitante.
Revisão
de Sistemas: Refere disúria, polaciúria, nictúria. Nega
queixas pertinentes a outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneico,
anictérico, hidratado e normocorado. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 150-100 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 84
bpm; FR: 16 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose, icterícia e manchas.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e fotorreagentes.
Ptose palpebral bilateral completa a esquerda. Escleras anictéricas e
conjuntivas normais. Vasos sublinguais cheios. Tireóide normal. Jugulares
planas e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Expansibilidade torácica normal. Tórax
simétrico, sem retrações. Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem alterações
tróficas ou de coloração.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
|
Direito
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Esquerdo
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha hemiclavicular
direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial e profunda, sem
visceromegalias ou massas. Aumento do volume prostático difusamente com
consistência fibroelástica ao toque retal.
Exame
Musculo Esquelético: Ausência de dor em articulação
tempero-mandibular, sem crepitação. Articulações em geral, normais.
Exame
Neurológico:
1-Estado
Mental: Lúcido, relaxado e cooperativo. Orientado em tempo e
espaço.
2-Nervos
cranianos: I- olfato normal, II- diplopia, III, IV e IV
movimentos extraoculares normais, a repetição com dificuldade a movimentação,
V- motor- fraqueza na força do temporal e masseter a repetição de movimentos
por 2 minutos, sensorial- sem alteração nas três regiões, VII- motor- boa
mimica facial, sensorial- paladar não testado, VIII- audição bilateral ao
relógio, IX e X – reflexo de vômito preservado, ausência do sinal da cortina,
disfonia ao longo de uma fala prolongada; XI; força do ECM e trapézio 5/5; XII:
língua na linha média
3-Força
muscular: 5/5 em ombros, bíceps, tríceps, preensão, quadril,
coxas, perna e pés
4-Reflexos
tendíneos:
Reflexos
|
Bíceps
|
Tríceps
|
Braquiorradial
|
Patelar
|
Aquileu
|
Cutâneo Plantar
|
direito
|
+++
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++
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Em dorsiflexão
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esquerdo
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++
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++
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++
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++
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++
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++
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5-Sensibilidade: dor,
temperatura, propriocepção, sensibilidade superficial e sensibilidade
discriminativa sem anormalidades
6-Marcha: sem
alterações
7-Coordenação:
movimentos rápidos e alternantes das mãos normais, index-nariz sem alteração
8-Equilíbrio:
teste de Romberg e do desvio do pronador normais.
9-Sem sinais de irritação
meníngea como Kernig e Brudzinski.
Qual
provável diagnóstico?
Qual
seria a possível relação do diagnóstico com a patologia da próstata?
Resposta
ao Caso Clínico IX:
O provável diagnóstico é Miastenia Gravis. A miastenia gravis (MG) é uma doença autoimune,
de causa desconhecida, que afecta a junção neuromuscular, na qual se verifica a
produção de anticorpos anti-receptor da acetilcolina. Afecta predominantemente
mulheres na segunda e terceira décadas e homens na sexta e sétima décadas de
vida. Clinicamente manifesta-se por fraqueza muscular e fadiga com o uso
repetido, de predomínio nos músculos bulbares e faciais, podendo também afetar
os músculos proximais dos membros, geralmente de modo assimétrico, e o diafragma,
resultando em fraqueza respiratória e, eventualmente, necessidade de ventilação
assistida.
A gravidade da doença pode ser classificada funcional e
regionalmente usando a escala adaptada
de Osserman: I - doença focal; II – doença generalizada (IIa - ligeira; IIb
- moderada); III – doença generalizada grave; IV - em crise (com necessidade de
ventilação assistida).
No caso, o paciente encontrava-se em classificação I
por só ter acometimento óculo-bulbar.
A relação da patologia não esclarecida da próstata com
a doença, seria o principal diagnóstico
diferencial de miastenia, a Síndrome de Eaton-Lambert devido a uma possível
doença paraneoplásica. Embora seja relacionada principalmente com o
Carcinoma de pequenas células do pulmão, pode ocorrer em muitas outras
neoplasias. Contudo, ao toque retal a próstata é mais característica de hiperplasia prostática, o que direcionaria para miastenia. A síndrome de Eaton-Lambert é uma patologia relacionada com anticorpos anti canal de cálcio, a fraqueza tende a ser mais proximal, reflexos tendíneos estão diminuídos ou ausentes, a força muscular tende a melhorar ao exercício, musculatura bulbar e extraocular é normalmente poupada.
José Vitor M. Lago
28/10/12
Curiosidade:
Qual a origem da palavra Lupus?
A palavra “lupus”
vem do latim que significa lobo. Tal nome, em razão do primeiro médico, ao
exame de inspeção, notar em um paciente o rash malar característico em “asa de
borboleta”, que se assemelha com a pequena diferença de coloração dos pelos ao
redor do focinho e dos olhos do lobo.
Como o rash malar é tão
típico em alguns casos, conservou-se a palavra lupus e adicionou-se eritematoso
e sistêmico, haja vista que é uma patologia que acomete vários órgãos.
Caso
Clínico VIII:
Identificação:
50
anos, feminino, branca, natural e residente de Curitiba-PR, casada, bancária.
Queixa
Principal: “Dor nas mãos”
História
Mórbida Atual: Paciente iniciou insidiosamente dor nas
duas mãos em região de primeiro, segundo, terceiro e porção medial do quarto
dedo há 3 anos. Refere que a dor de média intensidade, em queimação, com
irradiação para os membros superiores bilateralmente. Afirma que duração é
contínua e há piora do sintoma à noite e melhora com o uso de tala de
imobilização do punho. Como sintoma associado relata parestesia no mesmo local.
Nega traumas e dor a movimentação do pescoço.
História
Mórbida Pregressa: Nega operações e internamentos anteriores.
Refere que apresenta DM e nega HAS. Nega alergia e medicamentos.
História
Familiar: Pai faleceu aos 66 anos de IAM e mãe de IRC aos 70
anos.
Condições
e Hábitos de Vida: Alimentação regular e balanceada. Tabagista
1 maço por dia há 30 anos. Refere que toma uma lata de cerveja aos finais de
semana. Nega drogas.
Perfil
Psicossocial: Mora com o marido e filhos. Trabalha como
bancária e faz muito uso de computador entre as 9h até 17h.
Revisão
de Sistemas: Nega queixas pertinentes a outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneica,
anictérica, hidratada normocorada. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 120-80 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 84
bpm; FR: 16 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose, icterícia e manchas.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e
fotorreagentes. Escleras anictéricas e conjuntivas normais. Vasos sublinguais
cheios. Tireóide normal. Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos
impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Expansibilidade torácica normal. Tórax
simétrico, sem retrações. Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem
alterações tróficas ou de coloração. Contudo, apresenta varizes difusamente em
MMII. Manobra de Adson negativa.
Radial
|
Braquial
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Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
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Direito
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2+
|
2+
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2+
|
2+
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2+
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2+
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Esquerdo
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2+
|
2+
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2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial
e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Exame
Musculo Esquelético: Manobra de spurling negativa. Índice de
Shober normal. Ausência de dor em todas as articulações. Dor a percussão da
região volar do punho e dor a flexão aguda dos punhos durante aproximadamente 1
minuto.
Qual
o provável diagnóstico?
Resposta
ao Caso Clínico VIII:
O provável diagnóstico é síndrome do túnel do carpo. É importante ressaltar que tal
patologia é uma neuropatia resultante da compressão
do nervo mediano. A principal causa é lesão por esforço repetitivo (LER), como no caso que a paciente
digita muito no trabalho. Além disso, existem outras causas como traumática,
inflamatórias, endócrinas, medicamentosas, entre outras.
O principal sintoma é a parestesia/dor que se manifesta principalmente à noite, pela
drenagem de líquido ser menor, e o local é na inervação correspondente
(1°,2°,3° e porção lateral do 4° dedo).
Ao exame físico, duas manobras são úteis. O Teste de Tinel, que consiste em
percutir o nervo no nível do punho, e o Teste
de Phalen, é realizado através da flexão passiva das duas mãos uma contra
outra durante 1 minuto. Nos dois testes, se positivo, haverá uma reprodução da
parestesia na mão.
José Vitor Martins Lago
07/10/12
Curiosidade:
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica, sistêmica,
auto-imune, de etiologia desconhecida.
Acomete as articulações de maneira simétrica e aditiva. Com o tempo,
evolui progressivamente para deformidades, decorrentes
do afrouxamento ou da ruptura dos tendões e das erosões articulares, e consequente
perda funcional.
Dentre
as deformidades temos:
-mãos em “dorso de camelo”: aumento de volume do punho e das articulações
metacarpofalangeanas com atrofia interóssea.
-dedos em “crista de galo”:
deslocamento dorsal das falanges proximais com exposição da cabeça dos
metatarsianos.
Para
exemplificar tais deformidades, algumas figuras notáveis que possuíam ou
possuem AR:
"Mulher com Sombrinha" |
Dorothy Hodgkin, Nobel cientista
premiado, desenvolveu artrite reumatóide grave deformação aos 28 anos. Apesar
disso, ela continuou sua carreira e desenvolveu cristalografia de raios X, que
sustentam um monte de informações sobre artrite reumatóide, descobriram a
estrutura de insulina e descoberta habilitado do código genético.
Auguste Renoir, pintor impressionista,
cujo estilo mais tarde "mais suaves" poderia ter refletido, de alguma
forma a sua deficiência grave.
Christiaan Barnard, o primeiro cirurgião a realizar um
transplante de coração humano para humano teve que se retirar devido à
condição. Ele também escreveu um livro sobre vida com artrite.
Christopher Lee, ator britânico que fez
o papel de Drácula e Saruman em Senhor dos Anéis, tem que usar , adereços
especiais ergonomicamente, quando trabalha em conjunto.
Christopher Lee |
Caso
Clínico VII:
Identificação:
16
anos, masculino, natural de Recife-PE, solteiro, estudante
Queixa
Principal: “Dor nas articulações”
História
Mórbida Atual: Paciente refere início há 3 dias de dor em
joelho esquerdo e tornozelo direito. Relata dor de intensidade forte, em
queimação, sem irradiação e de duração constante com piora ao amanhecer e sem
melhora com o uso de AINES. Apresenta
sintomas associados como edema, calor e rubor das articulações citadas, prurido
e hiperemia de conjuntivas dos olhos e lesões dermatológicas escamativas em
tronco e em pé esquerdo. Nega trauma, contato com indivíduo com conjuntivite e
sintomas urinários como disúria.
História
Mórbida Pregressa: Nega doenças na infância, operações e
internamentos anteriores. Refere, contudo, há 3 semanas episódio de infecção
intestinal. Nega alergia, uso de medicamentos e transfusões.
História
Familiar: Mãe e pai saudáveis, nega hx de doenças reumatológicas.
Condições
e Hábitos de Vida: Mora em casa de alvenaria com água e esgoto
tratados. Alimentação saudável, nega tabagismo, etilismo e uso de drogas. Nega
início de atividade sexual.
Perfil
Psicossocial: Mora com os pais e sua rotina é estudar no
período matutino.
Revisâo
de Sistemas: Nega queixas pertinentes a outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneico,
anictérico, hidratado normocorado. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 120-80 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 80
bpm; FR: 20 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose e icterícia. Presença
de lesões eritemato-escamativas no tronco e queratoderma blenorrágico na região plantar do pé esquerdo.
Queratoderma blenorrágico |
Lesões eritêmatoescamativas no tronco |
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e
fotorreagentes. Escleras anictéricas e conjuntivas hiperemiadas bilateralmente
com secreção mucinosa. Vasos sublinguais cheios. Tireóide normal. Jugulares planas
e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Expansibilidade torácica normal. Tórax
simétrico, sem retrações. Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem
alterações tróficas ou de coloração.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
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|
Direito
|
2+
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2+
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2+
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2+
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2+
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2+
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Esquerdo
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2+
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2+
|
2+
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2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial
e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Exame
Musculo Esquelético: Dor a movimentação ativa e passiva das
articulações, aumento da temperatura, rigidez e ruborização do joelho esquerdo
e tornozelo direito. Índice de Shober 10/16.
Qual o provável diagnóstico?
Resposta
ao Caso Clínico VII:
O provável diagnóstico é artrite reativa ou síndrome de Reiter. Acomete geralmente
indivíduos adultos do sexo masculino, também ligado ao gene HLA B27.
Caracteriza-se por poliartrite periférica soronegativa, com duração maior que
um mês, de origem disentérica ou urogenital. Existem duas formas
epidemiológicas distintas: uma endêmica ou venérea, iniciada com uretrite
inespecífica, cujo agente mais importante é a Chlamydia trachomatis, sendo também implicados o Ureaplasma e o Mycoplasma. Outra é epidêmica ou pós-disentérica, na qual se inclui
o paciente em questão, em seguimento após uma infecção intestinal por
microorganismos Gram negativos chamados artritogênicos, incluindo os gêneros Shigella, Salmonella, Yersinia,
Campylobacter e Clostridium.
Clinicamente manifesta-se com envolvimento do sistema
articular, cutâneo-mucoso e ocular. Quando o fator desencadeante é venéreo,
existe uma tríade clássica caracterizada por uretrite, artrite e conjuntivite
ou uveíte. No caso, o indivíduo apresenta manifestação ocular e manifestação
cutânea característica, porém não patognomônica, como queratoderma blenorrágico que acomete geralmente regiões
palmoplantares. Inicia-se por máculas eritematosas, evoluindo rapidamente para pápulas
ou pseudovesículas que podem coalescer. No final, aparenta placa
hiperceratósica, com colarete descamativo e coloração que varia do eritema ao
amarelo alaranjado.
José Vitor Martins Lago
Curiosidade:
Tíbia em Sabre:
Significa encurvamento para diante da borda anterior da
tíbia, lembrando a forma de um sabre. Quase sempre decorre de sífilis congênita.
Caso Clínico VI:
Identificação: masculino, 25 anos, branco,
natural de Colombo-PR, casado, reside em Curitiba-PR, evangélico, técnico de
laboratório.
Queixa Principal: “Dor na lombar”
História Mórbida Atual: Paciente iniciou quadro de dor na região
lombossacral há 6 meses, a nível de L5-S1, de moderada intensidade, em
pontadas, com irradiação para região glútea e raiz da coxa esquerda. Refere
duração constante, porém com piora ao se levantar e melhora com decorrer do
dia. Como sintomas associados apresenta rigidez matinal de 1h e embaçamento da visão
direita com diminuição da acuidade visual recorrente. Nega traumas, problemas
posturais na adolescência.
História Mórbida Pregressa: Nega doenças na infância e
crônicas, operações e internamentos anteriores. Não faz uso de nenhum
medicamento.
História Familiar: Mãe com 60 anos sofre de psoríase
e pai morreu aos 56 de IAM.
Condições e Hábitos de Vida: Mora em casa com saneamento
básico, alimentação saudável. Nega etilismo, tabagismo e drogas.
Perfil Psicossocial: Mora em casa com a esposa,
trabalha das 8h às 18h. Ensino superior completo e o trabalho não exige
sobrecarga na coluna.
Revisão de Sistemas: Sem queixas pertinentes a outros
sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneico,
anictérico, hidratado normocorado. Escala de Coma de Glasgow: 15. Atitude de
esquiador.
Dados Vitais: PA: 120-80 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 80
bpm; FR: 20 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose e icterícia. Ausência
de placas eritematosas pruriginosas ou ulcerações.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e
fotorreagentes. Escleras anictéricas e conjuntiva direita hiperemiada não
pruriginosa. Vasos sublinguais cheios. Tireóide normal. Jugulares planas e
carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Expansibilidade torácica levemente
diminuída. Tórax simétrico, sem retrações. Frêmito tóracovocal normal.
Apresenta som claro atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e
simétricos bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas com sopro protodiastólico aspirativo
em foco aórtico (2+/6).
Exame Físico Vascular Periférico: Extremidades
de MMII sem alterações tróficas ou de coloração.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
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TP
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Direito
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2+
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2+
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2+
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2+
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2+
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2+
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Esquerdo
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2+
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2+
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2+
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2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial
e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Exame
Musculo Esquelético: Paciente em posição de esquiador. Dor a
percussão e palpação das articulações sacroilíacas bilateralmente. Teste de
Schober 10/12. Sinal de Lasegue negativo.
Qual o provável diagnóstico?
Qual a relação da visão embaçada
com a doença do paciente?
Resposta
ao Caso Clínico VI:
O provável diagnóstico é espondilite anquilosante, doença crônica, de natureza inflamatória,
de etiologia desconhecida, soro negativa relacionada com HLA-B27, que afeta
adultos jovens (15-40 anos), predominando no sexo masculino.
Caracteriza-se pelo comprometimento inicial das
articulações sacroilíacas que evoluem para anquilose, artrite das articulações
sinoviais da coluna vertebrl e calcificação dos limanetos vertebrais. Dentre os
sintomas temos: rigidez matinal e a dor localizada a princípio nas articulações
sacroilíacas, mas com a tendência de comprometer toda a coluna vertebral,
levando a posição de esquiador. Podem aparecer lesões extra-articulares, entre
as quais se destacam a insuficiência aórtica, a uveíte e a fibrose pulmonar.
No caso, o paciente tem a visão embaçada, pois é um dos
sintomas da uveíte anterior e além disso, apresenta sopro característico de
insuficiência aórtica.
José Vitor Martins Lago
Bouchard no 4° dedo e Heberden nos outros. |
Curiosidade:
Nodosidades:
-Nódulos de Heberden: pequenos nódulos duros,
localizados nas articulações interfalangianas distais dos dedos das mãos,
aparecem na osteoartrite (artrose).
-Nódulos de Bouchard: quando se localizam nas interfalangianas proximais, também
da osteoartrite.
-Nódulos de Osler: são minúsculos nódulos dolorosos,
situados nas polpas digitais, cuja causa principal é a endocardite infecciosa.
Nódulos de Osler e mancha de Janewey no 1° dedo |
-Nódulos reumáticos: encontrados nas face extensoras dos tendões, ao nível das
articulações proximais, frequentemente localizam-se também ao nível dos
cotovelos (olecrânios)
a) Nódulos de Meynet: febre reumatóide
b) Nódulos da Artrite
Reumatóide
Nódulo reumatóide olecrânio |
Caso
Clínico V:
Identificação: 12
anos, masculino, branco, estudante, natural de Porto Alegre e residente de
Curitiba.
Queixa
Principal: “Dor nas juntas há 2 semanas”
História
Mórbida Atual: Paciente com dor em grandes articulações
como punho, tornozelo e joelho há 2 semanas. Refere que é de intensidade
moderada, migratória e assimétrica, sem irradiação e com duração constante.
Relata piora à noite e melhora parcial com uso de analgésico. Como sintomas
associados refere edema e rubor nas mesmas articulações sem deformidades, febre
predominante noturna 38,5°C sem calafrios. Nega emagrecimento, úlceras orais,
fotossensibilidade.
História
Mórbida Pregressa: Relata odinofagia e febre uma semana antes
do quadro atual. Nega patologias prévias na infância, traumas e/ou cirurgias
como dentária. Refere internamento há 3 anos por quadro semelhante ao atual. Nega
uso de medicamentos e alergia medicamentosa.
História
Familiar: Pai faleceu aos 35 anos por Doença de Chagas.
Condições
e Hábitos de Vida: Mora em casa de alvenaria com água encanada
e rede de esgoto, sem animal de estimação. Refere alimentação saudável. Nega
etilismo e tabagismo, bem como uso de drogas. Não iniciou vida sexual.
Perfil
Psicossocial: Mora com a mãe, que é seu ponto de apoio.
Estuda das 7:30 as 11:50 e de tarde permanece em casa.
Revisão
de Sistemas: Nega queixas pertinentes a outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, eupneico,
anictérico, hidratado normocorado. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 110-70 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 76
bpm; FR: 16 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose e icterícia. Presença
de múltiplas lesões eritematosas maculopapulares com bordos definidos e centro
claro em dorso, não pruriginosas.
Lesões em dorso |
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e
fotorreagentes. Escleras anictéricas e conjuntivas normocoradas. Vasos
sublinguais cheios. Tireóide normal. Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos
impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Tórax simétrico, sem retrações. Frêmito
tóracovocal normal. Apresenta som claro atimpânico a percussão. Murmúrios
vesiculares presentes e simétricos bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas com sopro sistólico (2+/6) em focos mitral,
tricúspede, sopro protodiastólico em aspiração (3+/6) em foco aórtico acessório
com irradiação para carótidas.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem
alterações tróficas ou de coloração.
Radial
|
Braquial
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Femoral
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Poplíteo
|
Pedioso
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TP
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Direito
|
2+
|
2+
|
2+
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2+
|
2+
|
2+
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Esquerdo
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen globoso, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico, hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Indolor a palpação superficial
e profunda, sem visceromegalias ou massas.
Exame
Musculo Esquelético: Ausência de deformidades em articulações.
Presença de edema, aumento da temperatura, rubor e dor a palpação de tornozelo
direito, joelho direito e punho esquerdo. Presença de nódulo subcutâneo firme e
indolor, medindo 1 cm em superfície dos músculos extensores da mão esquerda.
Qual
provável diagnóstico?
Qual
o nome da lesão da foto?
Resposta
ao Caso Clínico V:
O provável diagnóstico é febre reumatoide. Tal patologia é devido a uma complicação não
supurativa (auto-imune) de uma infecção
de orofaringe pelo Streptococcus pyogenes beta hemolítico do grupo A de Lancefield. Deve-se a uma resposta
cruzada de anticorpos de um hospedeiro susceptível. Esses anticorpos acabam gerando uma resposta auto-imune contra vários
tecidos do corpo como coração, articulações, núcleos da base, vasos.
Para firmar o diagnóstico é
utilizado os critérios de Jones, sendo 2 critérios maiores ou 1 maior e 2
menores levam a doença reumática.
A lesão observada na imagem é o Eritema Marginado. Possui centro pálido, não acomete a face, é
transitório e migratório, pode ser reproduzido por aplicação de calor local,
não é pruriginoso e clareia sob pressão. Geralmente indica pior prognóstico
(cardite), são raros, tendo predileção por eminências ósseas.
Como Bouillaud disse: “a febre reumática lambe as
articulações e morde o coração”.
José Vitor Martins Lago
30/09/12
fundo-de-saco de Douglas |
Curiosidade:
O que é Grito de
Douglas?
É a presença de dor intensa com grito agudo e
prolongado a palpação do fundo-de-saco de Douglas ou retal. Este fenômeno
ocorre quando há sangue nesse compartimento, geralmente associada à gravidez
ectópica.
Caso
Clínico IV:
Identificação:
19
anos, feminino, branca, natural e residente de Curitiba-PR, solteiro,
estudante, católica.
Queixa
Principal: “Dor na barriga”
Hx
Mórbida Atual: Paciente há 24h iniciou dor moderada e em
cólica em região epigástrica, com irradiação difusa para região periumbilical,
sem posição de alívio e associado com náuseas e vômitos. No momento do exame,
refere que a dor localiza-se em lugar definido no hipocôndrio direito, de
grande intensidade, em pontadas, com irradiação para MID. Afirma que há alívio
da dor com o quadril direito fletido. Relata, ainda, febrícula de 37,5°C e
obstipação. Nega amenorreia, leucorréia, hematoquezia, disúria, polaciúria.
Hx
Mórbida Pregressa: Nega doenças anteriores, operações e
internamentos. Nega também alergias e medicamentos.
Hx
Familiar: Pai e mãe vivos e sem doenças crônicas.
Condições
e Hábitos de Vida: Mora em casa com saneamento básico. Alimentação boa e rica em fibras como
milho. Nega tabagismo e drogas. Refere consumo de álcool em moderada quantidade
em festas. Nega relações sexuais sem o uso de preservativo.
Perfil
Psicossocial: Mora com a mãe e com o pai. Estuda das 8h
ao 12h. Interpreta mal a doença.
Revisão
de Sistemas: Nega queixas pertinentes a outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, anictérica,
desidratada (++/4+), normocorada. Escala de Coma de Glasgow: 15.
Dados Vitais: PA: 110-90 mmHg; T: 37,5°C; Pulso: 100
bpm; FR: 20 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência
de cianose e icterícia.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e
fotorreagentes. Escleras ictéricas e conjuntivas normocoradas. Vasos
sublinguais levemente vazios. Tireóide normal. Jugulares planas e carótidas sem
sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som
claro atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável.
Bulhas cardíacas rítmicas normofonéticas e sem sopros (BCRNSS).
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem
alterações tróficas ou de coloração. Ausência de varizes e edema.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
|
Direito
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Esquerdo
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen rígido, sem circulação colateral.
RHA normais. A percussão som timpânico e sem macicez em flancos. Hepatimetria
de 6 cm em linha hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Dor a palpação
em fossa ilíaca direita. Sinal de Blumberg, Obturador, Psoas positivos.
Rovsing, Murphy negativos.
Qual o provável diagnóstico?
Qual o nome do local onde o paciente está sentindo dor?
Resposta
ao Caso Clínico IV:
O provável diagnóstico é apendicite, processo inflamatório agudo e purulento, decorrente na
maioria das vezes da dificuldade de drenagem do conteúdo apendicular, com
aumento de volume do apêndice vermiforme e alterações circulatórias (isquemia).
A principal causa de apencidite aguda é a profiliferação dos folículos
linfoides, causando obstrução.
Os principais sintomas são anorexia, náuseas e vômitos.
A dor geralmente inicia-se em região periumbilical ou epigástrica em cólica,
sem lugar definido. Com o passar do tempo a dor torna-se localizada no ponto de McBurney, terço lateral de uma
linha traçada entre a EIAS e o umbigo, em pontadas. Pode haver febre, mas
geralmente não chega a 38°C.
Ao
exame físico, há sinais característicos como Blumberg, Rovsing, Psoas e
Obturador. Normalmente o paciente encontra-se paralisado em uma posição
antálgica: flexão do quadril direito
sobre o abdômen.
Posição antálgica |
José
Vitor Martins Lago
24/09/12
Curiosidade:
Circulação
Colateral:
Um achado importante no exame físico de abdômen na
inspeção é a circulação colateral, ou seja, presença de circuito venoso anormal
visível ao exame da pele. Mas como determinar qual tipo de circulação
colateral?
Existem quatro tipos básicos de circulação colateral:
tipo braquiocefálica, cava superior, porta e cava inferior. Dar-se-á maior
importância ao tipo porta e cava inferior.
Primeiro precisa-se
determinar a direção do fluxo através de uma técnica: comprime-se com as polpas
digitais dos dois indicadores colocados rentes um ao outro no segmento de veia
a ser analisada. A seguir, os dedos vão se afastando lentamente com pressão,
para esvaziar a veia. Quando os indicadores estiverem separados cerca de 5 a 10
cm, são imobilizados e se assegura se aquele segmento venoso está exangue. Se
estiver, retira-se, por exemplo, o dedo esquerdo e permanece o direito. Observa-se
se há enchimento sanguíneo até o dedo direito que permaneceu sobre a veia. Se
houver, quer dizer que, nesse exemplo, o sentido do sangue está fluindo da
esquerda para direita. Caso não haja reenchimento, realiza-se a manobra mais
uma vez, só que agora descomprimindo o dedo oposto. A manobra deve ser repetida
duas ou três vezes para não deixar dúvida.
Manobra para ver o sentido do fluxo |
Sabendo
a direção do fluxo pode-se determinar se a circulação é do tipo porta ou cava
inferior.
Circulação Porta |
Circulação
do tipo porta: correlacionada causalmente com obstáculo
nas veias supra-hepáticas (síndrome de Buddi-Chiari), fígado (cirrose) ou na
veia porta (trombose). A direção do fluxo será de baixo para cima, quando acima
do umbigo, a procura da veia cava superior. Quando abaixo do umbigo, a direção do fluxo será de cima para baixo em direção aos MMII à procura da veia cava
inferior. Outras vezes, a circulação se concentra na região umbilical, de onde
os vasos divergem do umbigo,
recebendo o nome de “cabeça de medusa”.
Circulação do tipo cava
inferior: o obstáculo será na veia cava inferior (compressão
extrínseca por tumores abdominais). O sangue fluirá sempre de baixo para cima tanto abaixo como acima do umbigo à
procura da veia cava superior.
Caso
Clínico III:
Identificação:
65, masculino, branco, natural e residente de Curitiba-PR, aposentado.
Queixa
Principal: “Dor na barriga”
Hx
Mórbida Atual: Paciente com início de dor abdominal há 5
horas em hipocôndrio direito. Refere que a dor é do tipo cólica (sic), de
grande intensidade, com irradiação para região escapular direita, de duração constante.
Há piora da dor com após alimentação e sem posição de alívio. Como sintomas
associados apresenta febre aferida de 39°C com calafrios, prurido, náuseas,
vômitos, desorientação mental e acolia. Nega emagrecimento, hematoquezia,
melena e artralgias.
Hx
Mórbida Pregressa: Três internações por coledocolitíase, a
última há 1 ano. Nega HAS, DM e doenças reumatológicas. Nega operações,
alergias, medicamentos e transfusões.
Hx
Familiar: Pai faleceu aos 65 de IAM e mãe aos 60 de acidente
automobilístico.
Condições
e Hábitos de Vida: Alimentação boa, rica em fibras. Nega
tabagismo, etilismo e drogas.
Perfil
Psicossocial: Mora com a esposa que lhe trouxe ao
hospital.
Revisão
de Sistemas: Nega queixas importantes pertinentes aos
outros sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em MEG, desorientado em tempo e espaço,
ictérico (++++/4+), desidratado (+++/4+), normocorado. Escala de Coma de Glasgow:
13.
Dados Vitais: PA: 70-40 mmHg; T: 39,3°C; Pulso: 125
bpm; FR: 26 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose. Icterícia e diminuição do turgor
da pele.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Escleras ictéricas
e conjuntivas normocoradas. Vasos sublinguais vazios. Tireóide normal.
Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Sem ruídos adventícios
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável. Bulhas cardíacas
rítmicas hiperfonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidades de MMII sem alterações tróficas ou de
coloração. Ausência de varizes e edema.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
|
Direito
|
1+
|
2+
|
2+
|
2+
|
1+
|
1+
|
Esquerdo
|
1+
|
2+
|
2+
|
2+
|
1+
|
1+
|
Exame
de Abdômen: Abdômen rígido, sem circulação colateral. RHA normais. A
percussão som timpânico sem macicez em flancos. Hepatimetria de 6 cm em linha
hemiclavicular direita. Espaço de Traube Livre. Dor mesmo a palpação supercial
de hipocôndrio direito e epigástrio. Sinal de Murphy negativo, sinal de
Courvosier negativo.
Qual
provável diagnóstico?
Resposta
ao Caso Clínico III:
O provável diagnóstico é Colangite Supurativa ou Tóxica, isso porque além da presença da
Tríade de Charcot (febre, icterícia e dor em hipocôndrio direito), há também
hipotensão e queda do nível de consciência, caracterizando, então, Pentade de
Reynolds. Se houvesse somente a tríade seria Colangite Aguda. É importante ressaltar que pacientes com essa
pentade evoluem rapidamente para sepse e morte e a cirurgia é emergencial,
diferente da colangite aguda.
A maior causa de colangite é a obstrução do colédoco
por cálculos, coledocolitíase
(60-80%). Outras causas incluem tumor de cabeça de pâncreas, carcinoma de
ampola de Vater, entre outras. No caso, o paciente possui história prévia de
coledocolitíase.
Colecistite |
O
principal diagnóstico diferencial é a colecistite,
pedra no ducto cístico que inflama a parede da vesícula biliar. As
principais diferenças residem na presença
de Sinal de Murphy e ausência de icterícia colestásica intensa, pois o
fígado estará liberando bilirrubinas através do colédoco na colecistite. As
características da dor são diferentes também. Na colangite, a dor não costuma
ser tão forte e pode estar ausente em 20% dos casos e na colecistite a dor é
persistente e está presente em quase todos os casos. Apesar de tais diferenças,
alguns autores acreditam que toda colecistite leve a algum grau de colangite.
José
Vitor Martins Lago
16/09/12
Curiosidade:
Cacifo
ou Sinal de Godet:
Consiste
na técnica de digitopressão por 5 segundos contra uma estrutura rígida
subjacente à área de exame com formação
de uma depressão chamada de cacifo ou fóvea. Classicamente examinada em região sacral, pré-tibial, maleolar e dorso
do pé.
+ (depressão de 2 mm)
++ (depressão de 4 mm)
+++ (depressão de 6 mm)
++++ (depressão de 8 mm)
Outras formas de se avaliar o edema é medindo a
circunferência dos MMII. 1) A parte inferior do pé. 2) Na área mais fina acima
do tornozelo. 3) A maior circunferência
na panturrilha. 4) Região intermediária da coxa com joelho esticado. Comparando
os dois lados, 1 cm maior acima do tornozelo e 2 cm na panturrilha sugere
edema.
Importante ressaltar que edemas duros como linfedema e
mixedema não apresentam cacifo ou sinal de Godet (+). Isso porque há
proliferação de fibroblastos como no linfedema. No mixedema, pela deposição de
substância mucopolissacarídica (glicoproteínas).
Caso
Clínico II:
Identificação:
Masculino, 66 anos, branco, aposentado.
Queixa
Principal: “Dor na perna”
Hx
Mórbida Atual: Refere início de dor em perna direita há 2
anos. Atualmente, é desencadeada após caminhar aproximadamente 200 metros em
superfície plana e tem necessidade de parar. Relata que a dor é do tipo
lacerante, de alta intensidade, irradiação para todo o pé esquerdo, com duração
de 12 minutos. Afirma alívio da dor somente em repouso e piora no frio. Como
sintomas associados refere extremidade fria, parestesia em perna esquerda.
Hx
Mórbida Pregressa: Nega internamentos ou operações
anteriores. Hipertenso em uso de captopril e diabético em uso de insulina. Nega
doenças reumatológicas, alergias e transfusões.
Hx
Familiar: Pai faleceu aos 70 de IAM e mãe aos 55 de AVE.
Condições
e Hábitos de Vida: Alimentação rica em gorduras, tabagista há
40 anos 1 maço por dia. Nega etilismo e drogas.
Perfil
psicossocial: Mora com a mulher a qual é seu ponto de
apoio. Interpreta a doença mal por estar evoluindo.
Revisão
de Sistemas: Nega queixas pertinentes a outros
sistemas.
Exame
Físico Geral: Paciente em REG, LOTE, anictérico,
hidratado, normocorado.
Dados Vitais: PA: 160-110 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 84
bpm; FR: 15 rpm.
Exame
Físico de Pele: Ausência de cianose e icterícia. Pele fria em MIE.
Alterações tróficas em MIE, com rarefação de pelos.
Exame
Físico de Cabeça e Pescoço: Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Escleras
anictérica e conjuntivas normocoradas. Vasos sublinguais cheios. Tireóide
normal. Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame
Físico de Tórax: Frêmito tóracovocal normal. Apresenta som claro
atimpânico a percussão. Murmúrios vesiculares presentes e simétricos
bilateralmente. Presença de roncos difusos.
Exame
Físico Cardiovascular: Ictus cordis invisível e impalpável. Bulhas cardíacas
rítmicas normofonéticas e sem sopros.
Exame
Físico Vascular Periférico: Extremidade pálida abaixo do joelho esquerdo, com
rarefação de pelos, espessamento de unhas e aumento dos espaços interosseos do
pé esquerdo. Observa-se palidez acentuada em pernas esquerda com elevação e rubor quando pendente.Ausência de
sopros femorais ou abdominais.
Radial
|
Braquial
|
Femoral
|
Poplíteo
|
Pedioso
|
TP
|
|
Direito
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
2+
|
1+
|
Esquerdo
|
2+
|
2+
|
2+
|
1+
|
1+
|
1+
|
Qual
provável diagnóstico?
O
que é patognomônico neste caso?
Resposta
ao Caso Clínico II:
O provável diagnóstico é insuficiência arterial crônica principalmente de membro inferior
esquerdo em região femoropoplítea, determinada pela avaliação de pulsos. Na
anamnese é importante ressaltar que o paciente apresenta fatores de risco para
essa doença como HAS, DM, hx familiar de doenças vasculares, tabagismo e
provável dislipidemia.
Claudicação
intermitente é patognomônico de insuficiência arterial.
Ela é caracterizada como uma dor do tipo lacerante que se inicia depois de
percorrer uma determinada distância (marcha útil) e há necessidade de repouso para alívio. Se o indivíduo conseguir
andar com a dor, não é claudicação intermitente.
No exame físico, atentar-se para sinais clássicos de
insuficiência arterial como coloração pálida, temperatura fria, rarefação de
pelos, alterações tróficas e aumento dos espaços interósseos (relacionado com
isquemia do nervo). Pode haver úlceras,
principalmente em regiões mais distais e como artelhos e calcâneo geralmente com contornos bem delimitados,
redonda e com fundo necrótico. Em casos extremos encontra-se a gangrena
(necrose).
José
Vitor Martins Lago
07/09/12
Curiosidade:
Como ocorre o Sopro de Austin-Flint?
O Sopro de Austin-Flint é um Sopro mesodiastólico em ruflar da Estenose Mitral em decorrência de uma Insuficiência Aórtica.
Com a válvula aórtica insuficiente, há um retorno sanguíneo ao ventrículo esquerdo. Como o folheto anterior da válvula mitral encontra-se adjacente à válvula aórtica, a volta da coluna de sangue ao VE, impede a abertura completa do folheto anterior da válvula bicúspide. Dessa forma, há uma estenose relativa de válvula mitral, ocorrendo um sopro diastólico em ruflar no foco mitral.
É importante salientar que não existe lesão na válvula mitral, e sim um fenômeno físico. Além disso, não é qualquer insuficiência aórtica que irá ocasionar o Sopro de Austin-Flint, somente quando há uma insuficiência aórtica grave.
Caso Clínico I:
Identificação: MSS; 75 anos; feminino; branca; natural e residente de Curitiba-PR; católica; aposentada.
Queixa Principal: “Tontura”
Hx Mórbida Atual: Paciente refere aproximadamente sete síncopes com início no nos últimos três meses. Esses acontecimentos duram menos de 1 minuto, com confusão pós-ictal breve, sem liberação de esfíncteres. Relata que a síncope está associada aos médios esforços. Nega desencadeamento em ambientes quentes ou aglomerados, pós-prandial ou após ida ao banheiro. Como sintoma associado apresenta episódios de palpitação com dor em região retroesternal, de média intensidade, caráter opressivo, nega irradiação com piora ao exercício físico.
Hx Mórbida Pregressa: Refere cesariana há 45 anos, cirurgia de varizes em MMII há 20 anos e há 10 anos cirurgia de catarata. Afirma também internamento por pneumonia há 8 anos. Sofre de HAS diagnosticada há 2 anos no posto de saúde e em uso de atenolol 40 mg. Nega DM e IVAS com amigdalite e febre a pouco tempo. Nega outros medicamentos, transfusões e alergias.
Hx Mórbida Familiar: Pai faleceu aos 65 anos de IAM e mãe aos 70 anos de CA de mama.
Condições e Hábitos de Vida: Refere boa alimentação, nega tabagismo, etilismo e drogas.
Perfil Psicossocial: Mora com o marido, seu ponto de apoio, e cuida dos deveres domésticos da casa. Ensino médio completo.
Revisão de Sistemas: Nega queixas pertinentes a outros sistemas.
Exame Físico Geral: Inspeção: Encontra-se em REG, LOTE, anictérica, hidratada, normocorada. Presença de pulso Parvus Tardus.
Dados Vitais: PA: 140-100 mmHg; T: 36,5°C; Pulso: 88 bpm; FR: 16 rpm.
Exame Físico de Pele:
Ausência de cianose e icterícia. Pele quente e úmida. Sem alterações em unhas e cabelos.
Exame Físico de Cabeça e Pescoço:
Pupilas isocóricas e fotorreagentes. Escleras anictérica e conjuntivas normocoradas. Vasos sublinguais cheios. Tireóide normal. Jugulares planas e carótidas sem sopros. Linfonodos impalpáveis.
Exame Físico de Tórax:
Diâmetro anteroposterior normal. Frêmito tóracovocal normal. A percussão apresenta timpanismo pulmonar. Murmúrios vesiculares presente e simétricos bilateralmente. Ausência de outros ruídos adventícios.
Exame Físico Cardiovascular:
Ictus Cordis palpável e visível com desvio para baixo e para fora. Primeira bulha cardíaca normofonética. Segunda bulha cardíaca hipofonética. Presença de sopro mesossistólico em ejeção em focos aórtico e tricúspede, sem irradiação para vasos carotídeos ou axila. Tal sopro fica mais evidente em apnéia pós expiração forçada e com inclinação anterior.
Qual o provável diagnóstico?
Qual a provável etiologia?
Resposta
ao Caso Clínico I:
O provável diagnóstico é estenose aórtica. Os principais sintomas dessa doença são: tontura
podendo evoluir para síncope principalmente aos esforços, devido ao baixo fluxo
sanguíneo a cabeça, e dor precordial, em decorrência do baixo fluxo às
coronárias. No exame físico, é importante perceber a presença de pulso Parvus Tardus, hipofonese de segunda
bulha e sopro messosistólico em ejeção
(em diamante), principalmente em foco aórtico. Para diferenciar de sopro pulmonar,
utiliza-se manobras como apnéia pós expiração forçada e inclinação anterior do
tórax que tornam o sopro aórtico mais evidente.
A provável etiologia é calcificação de valva aórtica, já que a paciente é idosa, excluindo
uma anomalia congênita como aorta bicúspede e ausência de amigdalites prévias
ou febre reumática.
O que você deve saber sobre:
Sopros:
Sempre diferenciar sopro sistólico de diastólico com auxílio dos pulsos periféricos como os radiais. Averiguar em qual foco o sopro é mais perceptível, irradiação e qual a intensidade. Importante: a partir da intensidade 4, existe frêmito palpável.
Sopros Inocentes: Nunca são diastólicos ou holossistólicos, não apresentam frêmito e geralmente não possuem irradiação.
José Vitor Martins Lago
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