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domingo, 24 de novembro de 2013

CURIOSIDADE:

MAIS DA METADE DA POPULAÇÃO BRASILEIRA ESTÁ ACIMA DO PESO

Atualmente, mais da metade da população brasileira está acima do peso: 51% encontram-se acima do peso e 17,4% são obesos  segundo pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2012). Curitiba acompanha a tendência nacional. A frequência de excesso de peso é de 51,6% e de obesidade é 16,3%.

A obesidade está relacionada a fatores genéticos, mas há uma influência significativa do sedentarismo e de padrões alimentares inadequados nos seus índices. A pesquisa também mostra alguns destes padrões:

- Consumo de frutas e hortaliças: apenas 22,7% da população ingerem a porção diária recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), de cinco ou mais porções ao dia.
- Consumo de gordura saturada: 31,5% comem carne gordurosa e 53,8% consomem leite integral regularmente.
- Refrigerantes: 26% dos brasileiros tomam esse tipo de bebida ao menos cinco vezes por semana. 



Referências:

http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/12962/162/curitiba-tem-516-da-populacao-com-excesso-de-peso.html
http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/13145/893/mais-da-metade-da-populacao-brasileira-tem-excesso-de-peso.html

CASO CLÍNICO XV - SEMIOLOGIA II

Anamnese:

Identificação: NJ; 18 anos; masculino; caucasiano; evangélico; estudante; natural de Curitiba-PR; reside em Bigorrilho – Curitiba; Referência: o próprio paciente.

Queixa Principal: “Dor de cabeça e mal estar”.

História da Moléstia Atual: Paciente refere ter iniciado há 3 horas com cefaléia frontal e retroorbitária bilateral, tipo latejante, não irradiada, contínua, sem medidas de alívio, com fotofobia, prostração, calafrios, febre (39ºC), náusea e um episódio de vômito associado (sem sangue ou muco). Nega traumatismos cranianos recentes. Refere que há uma semana vinha apresentando um quadro de sinusite aguda, mas não usou os medicamentos que lhe foi orientado. Nega paresias, parestesias ou outros sintomas associados.

História Mórbida Pregressa: Nega doenças da infância, comorbidades atuais, internamentos/cirurgias anteriores, alergias e uso de medicamentos.

História Mórbida Familiar: Refere que o pai possui HAS.

Condições e Hábitos de Vida: Reside em casa de alvenaria, com luz, esgoto e água encanada, sem animais peridomiciliares. Possui alimentação com horário regular. Nega tabagismo e etilismo.

Perfil Psicosocial: Mora com os pais. Pratica atividades físicas regularmente. Possui boa situação financeira.

Revisão de Sistemas: Não há outras queixas.

Exame físico:

Geral: paciente em mau estado geral (MEG), corado, hidratado, anictérico, confusão mental. Glasgow: 14. Pupilas dilatadas e pouco reativas.
PA: 140X90; Pulso: 56; FR: 16; T: 38,8ºC.
Cabeça e pescoço: mucosas úmidas e coradas. Sem linfonodomegalia. Jugulares não ingurgitadas.
Aparelho respiratório: respiração irregular, mv + bilateralmente, som claro atimpânico a percussão, expansibilidade e FTV normais. Sem ruidos adventícios.
Aparelho cardiovascular: bulhas cardíacas rítmicas e normofonéticas, sem sopros.
Abdome: plano, RHA presentes, flácido, timpânico a percussão, indolor a palpação, ausência de massas palpáveis. Hepatimetria normal.
Membros: sem edema, pulsos presentes, perfusão normal.
Pele: ausência de exantema ou lesões petequiais.

Neurológico: alteração de VI par craniano. Sinais de irritação meningea (rigidez da nuca, Sinal de Kernig e Brudzinski positivos) e papiledema no exame de fundo de olho. Sensibilidade, motricidade, coordenação, equilíbrio e reflexos preservados. 
Perguntas:

     1.   Quais os diagnósticos diferenciais diantes deste quadro clínico?
     2.   Quais exames podem ajudar no diagnóstico?

   Respostas:
  
    1.   Diagnósticos diferenciais:
a.   Meningite bacteriana (febre, cefaléia, rigidez de nuca, náusea, vômito, prostação, mal estar, fotofobia).
b.   Meningoencefalite viral (cefaléia, febre alta, alteração de consciência, déficit neurológico focal, crises epiléticas. Achados liquóricos: pleocitose linfocitária e glicose normal)
c.    Riquetsiose, transmitida pela picada de carrapato (febre alta, prostação, mialgia, cefaléia, náusea, vômito, exantema. Deve-se realizar imunofluorescência da biópsia cutânea).
d.   Erliquioses, também pela picada do carrapato (cefaléia, náusea, vômito, febre, exantema, pancitopenia, aumento de fostatase alcalina, desidrogenase lactica e aminotransferases)
e.   Empiema subdural e extradural, abscesso cerebral (sinais neurológicos focais - ex: disfasia, hemiparesia. Fazer RNM)
f.     Hemorragia subaracnóidea (HSA)
g.   Meningite química por extravasamento de um tumor para o LCS (ex: glioma cístico).
h.   Meningite induzida por fármacos
i.     Meningite carcinomatosa  ou linfomatosa
j.     Meningite associada a distúrbios inflamatórios (sarcoidose, LES, S. Behçet)
    2.   Exames complementares:
a.   Quando há suspeita de meningite bacteriana, deve-se imediatamente obter hemoculturas (são positivas em >80% dos pacientes).
b.   O diagnóstico é definido pelo exame do LCS (leucocitose PMN >100 células/µL em 90%, redução de glicose <40mg/dL, razão LCS/soro de glicose < 0,4 em 60%, aumento da concentração de proteína >45mg/dL, aumento da pressão de abertura >180 mm H2O em 90%).
c.    Nos casos de pacientes imunossuprimidos, com história de traumatismo craniano recente, consciência rebaixada, evidências de hipertensão intracraniana ou déficit neurológico focal, deve-se realizar um exame de neuroimagem antes de realizar a punção (tomografia computadorizada ou ressonância magnética).
d.   PCR para bactérias no LCS é útil nos casos de pacientes que já foram tratados com antibióticos previamente, e nos quais sejam negativas a coloração de Gram e cultura do LCS.
e.   Bíopsia cutânea quando houver lesões petequiais.

     Diagnóstico: Meningite Bacteriana Aguda
    
        A meningite bacteriana é uma infecção purulenta no espaço subaracnóideo. Os agentes etiológicos mais frequentes são Streptoccus pneumoniae (50%), Neisseria meningitidis (25%), estreptococos do grupo B (15%) e Listeria monocytogenes (10%), Haemophilus influenzae tipo b (<10%).

        Algumas condições predispõe a meningite pneumocócica (tipo mais comum): pneumonia pneumocócica, sinusite ou otite média pneumocócica aguda ou crônica, alcoolismo, diabetes, esplenectomia, hipogamaglobulinemia, deficiência de complemento, traumatismo craniano com fratura de base de crânio e rinorréia do Líquido ceerebroespinhal (LCS).

       Muitas das manifestações neurológicas e das complicações das meningites bacterianas resultam da resposta imune ao patógeno invasor e não da lesão tecidual direta. Clinicamente, sinais e sintomas de um processo infeccioso estão presentes (febre, mal-estar, prostração, fotofobia), juntamente com os de irritação meníngea (rigidez da nuca, sinais de Kernig e Brudzinski). Quando há hipertensão intracraniana, cefaléia, vômitos, papiledema, pupilas dilatadas e pouco reativas, paralisia do VI par craniano, postura de descerebração e presença do reflexo de Cushing (bradicardia, hipertensão arterial, respiração irregular) podem estar presentes. Pode evoluir com herniação cerebral em 1 a 8% dos casos. Pode apresentar-se com a tríade clássica: FEBRE, CEFALÉIA, RIGIDEZ DE NUCA.

       Em mais de 75% dos casos, há diminuição dos níveis de consciência. Em 20 a 40% dos pacientes, podem ocorrer crises epiléticas como apresentação inicial ou na evolução. Quando a etiologia é meningocócica, pode haver erupções maculopapulares eritematosas difusas semelhantes a um exantema viral. Tornam-se petequiais em seguida (tronco, membros inferiores, mucosas, conjuntivas, palma das mãos e planta dos pés).

    Referências:

    HARRISON, Tinsley Randolph; FAUCI, Anthony S. Harrison manual de medicina. 17. ed. Porto Alegre: AMGH Ed., 2011.
    PORTO, Celmo Celeno; PORTO, Arnaldo Lemos. Semiologia médica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011.


     Dâmia Kuster Kamisnki Arida

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