CURIOSIDADE:
Qual é o sinal de
Levine?
Sinal de Levine |
A
dor torácica de origem cardíaca é descrita geralmente como opressão, queimação
ou mal-estar torácico mal definido. Para auxiliar na caracterização da dor,
deve-se pedir para o paciente: “Mostre com a mão onde é o local da dor”. O Sinal de Levine acontece caso o paciente feche
a mão e coloque sobre a área esternal imprecisamente. Esse sinal é
altamente sugestivo de dor de origem isquêmica, ou seja, tem uma especificidade
alta. Contudo, a sensibilidade é baixa, portanto se não estiver presente, não
afasta dor anginosa. Já a dor pontual, bem localizada, súbita e de curtíssima
duração geralmente não se relaciona com doença coronariana. Quanto maior a área
demonstrada, maior a chance de ser isquemia.
Referência Bibliográfica:
MARCUS, G. M. et al. The Utility
of Gestures in Patients with Chest Discomfort. The American Journal of Medicine, v. 120, n. 1, p. 83-89, 2007.
CASO CLÍNICO VI:
ANAMNESE:
ID: 22 anos, feminino, branca,
natural e residente Curitiba-PR, estudante.
QP: “Falta de ar há 20 minutos”
FONTE: Pai
HMA: Paciente refere que há 20 minutos
iniciou quadro de dispneia ao repouso de grande intensidade após a realização
de exercício físico, de duração contínua, sem alívio com a “bombinha”, que usa
regularmente. Refere associação da piora do quadro com o tempo frio. Como
sintomas associados refere chiado no peito, tosse seca, desconforto torácico e
dificuldade para falar. Nega febre, ingestão de corpo estranho, IVA.
HMP: Afirma rinite alérgica e asma
alérgica desde os 3 anos de idade. Nega internações anteriores e operações.
Nega outras morbidades. Uso de fenoterol quando sente falta de ar. Nega outras
alergias.
HMF: Mãe 48 anos, rinite alérgica. Pai
e irmãos da paciente hígidos.
CHV: Nega tabagismo e etilismo.
Alimentação regular sem restrições.
RS: sp.
EXAME FÍSICO:
GERAL: REG, LOTE, anictérica,
normocorada, hidratada, acianótica. PA: 110-80mmHg; Pulso: 112 bpm; FR: 28 rpm;
T: 36,0°C;
C/P: Escleras anictéricas, conjuntivas
coradas, oroscopia normal. Ausência de linfonodomegalia.
CPP: Retrações subcostais e
esternocleidomastoídea. FTV: diminuído. Hiperssonoridade à percussão. MV
diminuído difusamente com presença de sibilos expiratórios em todo o tórax.
ACV: BCRNFSS.
ABDÔMEN: globoso, flácido, com RHA
presentes. Som timpânico a percussão. Fígado e baço não palpáveis. Ausência de
dor ou massas.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Saturação de O2: 93%
Pico de fluxo expiratório: 38% do previsto
Qual o diagnóstico da crise
asmática: leve, moderada, grave ou gravíssima?
Quais são os principais
diagnósticos diferenciais da asma que apresentam sibilância?
RESPOSTA AO CASO CLÍNICO VI:
Asma é uma doença inflamatória
crônica das vias aéreas que se manifesta clinicamente por episódios recorrentes
de dispneia, sibilância, tosse (TRÍADE) e desconforto torácico. É caracterizada
por hiperresponsividade brônquica e obstrução variável do fluxo aéreo,
reversível espontaneamente ou com o tratamento.
A
crise asmática é caracterizada por
aumento progressivo na dispneia, na tosse, na sibilância ou na constrição
torácica, acompanhada de diminuição do fluxo expiratório, quantificada por
medidas funcionais pulmonares como o pico
de fluxo expiratório (PFE) ou como o volume expiratório forçado no primeiro
segundo (VEF1). A gravidade da crise pode variar de um quadro leve até um
quadro ameaçador à vida.
O
quadro apresentado pela paciente é típico de crise asmática, geralmente por
alguma exacerbação como exercício físico, tempo frio, alérgenos, medicamentos
(betabloqueadores, AINES como aspirina). A dispneia é tão intensa que há
dificuldade para falar. A classificação para crise asmática é útil para avaliar
a necessidade de tratamento agressivo para evitar a insuficiência respiratória
e morte (tabela 1). O sinal de maior gravidade é a queda do nível de
consciência.
Tabela 1 |
A
partir disso, o quadro apresentado pela paciente é uma crise grave, pois o estado mental está normal, acianótica, FR aumentada,
pulso acima 110bpm, na ausculta, encontra-se sibilos expiratórios difusos e MV
presente, saturação de O2 > 90% e pico de fluxo expiratório (PFE) está entre
30-50%. Na crise gravíssima, há ausência
de sibilos de tão intensa a obstrução. Vale ressaltar que não há
necessidade da realização de gasometria, porque só deverá ser realizada se a
saturação estiver < 92% em ar ambiente ou quando houver deterioração clínica
com o uso pleno de beta-agonistas ou na iminência de intubação e ventilação
mecânica. O raio-x de tórax pode ser valido para afastar complicações como
pneumonia e pneumotórax.
Os
principais diagnósticos diferencias
da asma que causam sibilos são: a) VAS: edema de laringe (anafilaxia), corpo estranho,
neoplasia, estenose traqueal,
paralisia ou disfunção de cordas vocais; b) VAI: aspiração, corpo estranho,
neoplasia, estenose brônquica, exacerbação da DPOC, pneumonia; c)
outros: ICCE levando ao edema agudo de pulmão (asma cardíaca), TEP,
RGE.
José Vitor Martins Lago
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