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domingo, 22 de setembro de 2013

CURIOSIDADE:

ELIMINANDO A RATARIA

Imagem: ccms.saude.gov.br

Quando Oswaldo Cruz era o diretor da Saúde Pública, no começo do século XX, houve uma epidemia de peste no Rio de Janeiro. Como já se sabia que a doença era transmitida por pulga de rato, o governo ofereceu pagar uma quantia à população por rato capturado. Já imaginam o que pode ter acontecido? Um espertinho começou a criar ratos para vender para o governo! Outros começaram a trazer ratos de outros estados ou, ainda, capturavam ratos estrangeiros em navios. Pode isso?

Referência:
Scliar, M. O livro da medicina. São Paulo: Schwarcz, 2000.




CASO CLINICO VI - SEMIOLOGIA II:

Anamnese
Identificação: R.O.; 70 anos; masculino; caucasiano; católico; aposentado; casado; Naturalidade: Curitiba-PR; Residência: bigorrilho – Curitiba; Referência: o próprio paciente.

Queixa Principal: “Sangue na urina”.

História da Moléstia Atual: Paciente refere três episódios de hematúria nos últimos dois meses, com aparecimento do sangue durante a micção, mais para o final do jato urinário, em pequena quantidade. Neste período também vem apresentando sintomas urinários irritativos como disúria, polaciúria e urgência. Nega dor em flancos ou em outro local, febre, náusea, trauma ou manipulação de via urinária, ingestão de beterraba, emagrecimento, sangramentos em outros locais, ou sintomas obstrutivos (hesitação para urinar, diminuição Força/Calibre do jato urinário, sensação de resíduo pós-miccional, intermitência).

História Mórbida Pregressa: nega doenças da infância, DM, HAS e hx de litíase renal. Faz tratamento para Hiperplasia Prostática Benigna com doxazosina e finasterida. Nega cirurgias, internamentos anteriores, alergias e uso de outros medicamentos regularemente.

História Mórbida Familiar: mãe falecida por AVC aos 83 anos. Não conhece o pai.

Condições e Hábitos de Vida: reside em casa com luz, esgoto e água encanada. Possui alimentação regular e sem gordura. Tabagista há 50 anos (1 maço/dia. Nega etilismo.

Perfil Psicosocial: Mora com a esposa. Faz 30 minutos de caminhada ao dia. Como ponto de apoio refere sua família.

Revisão de Sistemas: Não há outras queixas pertinentes.

Exame físico:

Geral: paciente em regular estado geral, hipocorado, hidratada, anictérico, LOTE.
PA: 120X80, Pulso: 72, FR: 16, T: 36,2ºC
Cabeça e pescoço: mucosas úmidas e hipocoradas. Sem linfonodomegalia. Jugulares não ingurgitadas.
Aparelho respiratório: som claro atimpânico a percussão, expansibilidade e FTV normais.
Aparelho cardiovascular: bulhas cardíacas rítmicas e normofonéticas. Sem sopros.
Abdome: plano, RHA presentes, flácido, timpânico a percussão, dolorido a palpação profunda de região supra-púbica, ausência de massas palpáveis.
Membros: ausência de edema, pulsos presentes, perfusão normal.

Exames complementares:

Hemograma:
         Hb: 14,2
         Leucócitos: 7.000, sem desvio a esquerda.
         Palquetas: 240.000
Parcial de urina:
Ausência de proteínas, glicose, cristais, cilindros, leucócitos e nitrito. pH normal. Presença de hemácias.
Urocultura: negativa.
        
Perguntas:
   Quais os diagnósticos diferenciais diante desta clínica?
   Quais exames complementares ainda podem contribuir com o diagnóstico? 

    Respostas:

   1.   Considerando os sintomas irritativos (disúria, polaciúria, urgência), podemos considerar câncer de bexiga, infecções, tumores benignos, pedras na bexiga, uma bexiga hiperativa, ou um aumento da próstata (nos homens) e o câncer de bexiga.
  
  Considerando a hematúria, podemos pensar em litíase ou cálculo urinário (principalmente renal e uretral), cistites (22%), câncer de bexiga (15%) ou em qualquer parte do trato urinário, Hiperplasia Prostática Benigna (HPB), ferimento, contusão (uma pancada muito forte nas costas ou na lateral do tronco pode afetar os rins e causar uma hemorragia, exercícios muito vigorosos ou corridas de longa distância, medicamentos (anticoagulantes) e alguns alimentos (beterraba).

   2.   Na vigência de hematúria, deve-se proceder a investigação com citologia urinária, exames de imagem do trato urotelial (US e TC), cistoscopia.

Imagem: www.clinicacocuzza.com.br
Imagem: http://www.urologiaflorianopolis.com.br/

    Diagnóstico: CÂNCER DE BEXIGA

   O câncer de bexiga é o 4º tipo de câncer mais comum nos homens e o 13º tipo mais comum nas mulheres. Ocorre mais em homens, brancos e com idade média de 65 anos.

    O tabagismo é um dos principais fatores envolvidos neste câncer e acredita-se que contribui com até 50% dos casos. Corantes a base de anilina, alguns medicamentos (ciclofosfamida) e a exposição ao parasita Schistosoma haematobium também podem estar envolvidos.

   Há três tipos de câncer que começam nas células que revestem a bexiga: 1) Carcinoma de células de transição (representa a maioria dos casos); 2)Carcinoma de células escamosas (afetam as células delgadas e planas que podem surgir na bexiga depois de infecção ou irritação prolongadas); 3) Adenocarcinoma (se inicia nas células glandulares que podem se formar na bexiga depois de um longo tempo de irritação ou inflamação).

    Em 80 a 90% dos casos os pacientes vão apresentar hematúria. Sabe-se que a bexiga é a origem mais comum (40%) de hematúria macroscópica (22% é por cistite benigna e 15% por câncer de bexiga). Já hematúria microscópica tem como origem mais comum a próstata (25%). Sintomas de irritação como polaciúria,urgência, disúria (ca in situ) e dor em flanco (obstrução do ureter) também podem estar presentes, além de outros sintomas gerais nos casos avançados como anemia, emagrecimento, massas pélvicas.

    Referências:
    HARRISON, Tinsley Randolph; FAUCI, Anthony S. Harrison manual de medicina. 17. ed. Porto Alegre: AMGH Ed., 2011.
 Sociedade Brasileira de Urologia - SBU. Acesso disponível em: http://www.sbu.org.br/publico/?doencas-urologicas&p=405.
 Instituto Nacional do Câncer – INCA. Acesso disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/bexiga.




     Dâmia Kuster Kaminski Arida


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