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segunda-feira, 9 de setembro de 2013

CURIOSIDADE:

DIGITÁLICO: POR QUE ESTE NOME?


A palavra digital refere-se a dedo (“impressão digital”).  O remédio se chama digitalina ou digitálico, pois é feito de uma planta conhecida como digital ou dedaleira, que dá uma flor cuja forma lembra um dedinho. Seu uso foi introduzido pelo médico William Withering ao observar benefícios em pacientes com edema.  Hoje, é amplamente utilizado na cardiologia em pacientes com insuficiência cardíaca, por exemplo.

Referência:

Scliar, M. O livro da medicina. São Paulo: Schwarcz, 2000.
CASO CLÍNICO V:

Anamnese

Identificação: MS; 38 anos; feminino; caucasiano; espírita; cozinheira; casada; natural de Curitiba-PR; reside em Bigorrilho – Curitiba; Referência: o próprio paciente.
Queixa Principal: “Dor abdominal”.
História da Moléstia Atual: paciente refere que há cerca de 2 meses iniciou com dor abdominal em QSD, intensa, irradiada para a região dorsal, associada à náusea e vômito e febre (38,9), com piora ao alimentar-se e alívio parcial com analgésicos. Nos últimos 10 dias houve piora da dor, com surgimento de icterícia, colúria, acolia fecal e intenso prurido cutâneo. Nega emagrecimento, alteração do hábito intestinal e outros sintomas associados.
História Mórbida Pregressa: Nega doenças da infância e comorbidades atuais. Passou por cirurgia de apendicectomia há 20 anos. Nega outras cirurgias, internamentos e alergias. Em tratamento para redução de peso (IMC:30) com fitoterápicos. Nega uso de outros medicamentos.
História Mórbida Familiar: Refere que o pai possui HAS.
Condições e Hábitos de Vida: Reside em casa com esgoto e água encanada. Possui alimentação com horário irregular e refere ingerir muita fritura. Nega tabagismo e etilismo.
Perfil Psicosocial: Mora com o marido e seus dois filhos. Não pratica exercicios fisicos regularmente.
Revisão de Sistemas: Não há outras queixas pertinentes.
Exame físico:
Geral: paciente em regular estado geral, corada, hidratada, ictérica (+++/4+), afebril, LOTE.
PA: 120X80, Pulso: 94, FR: 12, T: 36,1C
Cabeça e pescoço: mucosas úmidas e coradas. Sem linfonodomegalia. Jugulares não ingurgitadas.
Aparelho respiratório: som claro atimpânico a percussão, expansibilidade e FTV normais.
Aparelho cardiovascular: bulhas cardíacas rítmicas e normofonéticas. Sem sopros.
Abdome: plano, RHA presentes, flácido, timpânico a percussão, dolorido a palpação superficial e profunda de QSD, sinal de Murphy +, ausência de massas palpáveis. Hepatimetria 9cm. Espaço de Traube livre. Circunferência abdominal: 104 cm.
Membros: ausência de edema, pulsos presentes, perfusão normal.
Exames complementares:
Hemograma:
         Hb: 13,2
           Leucócitos: 12.000 com desvio nuclear a esquerda.
           Plaquetas: 250.000
Amilase e lipase: normais
Bilirrubina total: 18,2 mg/dl
Bilirrubina direta: 16,0 mg/dl
Gama GT: 110 u/l
Fosfatase alcalina: 1.140u/l
Urobilinogênio: negativo
US: cálculo em infundíbulo de vesícula biliar e dilatação do ducto hepático comum.




Pergunta:

1.   Quais são as possíveis causas de icterícia nos pacientes com litíase biliar?
2.   Quais outros exames podem contribuir com o    diagnóstico diferencial?

Resposta:

1.   As causas mais comuns de icterícia, nos pacientes com litíase biliar, incluem coledocolitíase, papilite estenosante, pancreatite aguda e neoplasias das vias biliares e pancreática associadas. Raramente, a icterícia pode ser decorrente da Síndrome de Mirizzi.


2.   Além da US, a Tomografia Computadorizada de abdome pode sugerir o diagnóstico ao revelar cálculos na área do infundíbulo, próximo à junção do ducto cístico com o colédoco, e dilatação das vias biliares acima do local da compressão. A colangiopancreatografia retrograda endoscópica (CPRE) tambem pode contribuir mostrando compressão ou estreitamento do ducto hepático comum. Sua  vantagem é de também ser utilizado como terapêutico. Tem a ecoendoscopia, que pode ser mais acurada que a CPRE e a colangioressonância que pode demostrar com precisão a dilatação biliar, a obstrução, a localização dos cálculos, o grau de inflamação e possiveis malformações anatômicas presentes.

Tomografia computadorizada compatível com litíase, com dilatação de via biliar:

CPRE mostrando ducto hepático comum e vias biliares dilatadas com alteração de enchimento na junção do ducto cístico com coledoco:


Colangioressonância com falha no enchimento na via biliar:


       Imagens: Creuz, PC. Hospital Geral de Jacarepaguá - Serviço de Cirurgia        Geral: Síndrome de Mirizzi.


Diagnóstico: SÍNDROME DE MIRIZZI

   A síndrome de Mirizzi é uma complicação rara em que um cálculo fica impactado no infundíbulo da vesícula biliar ou no ducto cístico, causando compressão sobre o ducto hepático comum.



   O quadro clínico é colecistite aguda associada à colestase extra-hepática causada pela obstrução. Ou seja, vai apresentar dor abdominal em QSD, intensa, podendo ser irradiada para a região dorsal, associada à náusea, vômito e febre com piora ao alimentar-se + prurido cutâneo generalizado, acolia fecal e colúria.

   Laboratorial: aumento de bilirrubina direta, aumento de fosfatase alcalina, aumento de TGO e TGP, urobilinogenio negativo.

    A imagem radiológica demonstra compressão extrínseca do colédoco e pode ser observado cálculo grande a nível do cístico. A suspeita radiológica desta síndrome pode ser permitida quando se observa: a) a via biliar intra e extra-hepática dilatada acima do ducto cístico; b) cálculo biliar no colo da vesícula ou ducto cístico; c) vesícula biliar com paredes espessadas e contraídas; d) colédoco distal ao cálculo com diâmetro normal.

Referência:
HARRISON, Tinsley Randolph; FAUCI, Anthony S. Harrison manual de medicina. 17. ed. Porto Alegre: AMGH Ed., 2011.
Torres, OJM et al. Síndrome de Mirizzi. Revista do Hospital Universitário/UFMA, 2002.


Dâmia Kuster Kaminski Arida


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