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terça-feira, 10 de setembro de 2013



Propedêutica 1: Exame Físico Geral


CASO CLÍNICO


Identificação: J.S. 32 anos, masculino, caucasiano, natural e residente de Curitiba, solteiro, motoboy.

Queixa principal: Coma, não tem queixas.

HMA: ILICIDAS:
Paciente chegou ao pronto socorro após acidente moto-carro frontal. Equipe do SIATE relata que ele foi projetado por 5 metros antes de chocar-se com um muro de tijolos. O capacete foi encontrado partido ao meio. No local perceberam fratura de fêmur à esquerda e foi intubado. Devido a pressão de 90/50 O médico do SIATE infundiu 3 litros de ringer em bolus no caminho.
Exame de admissão:
MEG, não responsivo. Ausência de fratura de crânio palpável. Palidez cutânea, pressão de 90/50, FC 45 bpm, perfusão ungueal >2 seg, cianose periférica, sudorese, pele fria. pupilas responsivas com midríase a esquerda. Membro inferior esquerdo com crepitação ao exame e rotação lateral.
demais sistemas sem alterações.

A associação dos sinais descritos indica choque. Quais são os tipos de choque? Quais os tipos de choque possíveis neste caso?
O achado de bradicardia indica qual tipo de choque?
O achado de fratura de fêmur indica qual tipo de choque?
O fato de o tratamento do choque inicial (3L de volume) ter sido refratário indica qual tipo de choque?

O paciente teve as pernas elevadas com melhora instantânea da pressão arterial. Foi administrada noradrenalina em bomba de infusão contínua com sucesso na estabilização da pressão arterial. A Frequencia cardíaca obteve melhora.

Considerando a causa de choque mais provável porque esse tratamento funcionou?

A pupila midriática foi investigada com tomografia computadorizada (TC) que evidenciou crânio íntegro, hematoma subdural, edema cerebral, desvio da linha média e herniação das amígdalas. O paciente, agora estável a 110/70, foi enviado a neurocirurgia para descompressão.

Qual foi a causa do choque?
Como é possível um hematoma intracraniano sem fratura de crânio?
Qual a implicação do desvio da linha média?
Qual a implicação da herniação das amígdalas?

2 comentários:

  1. RESPOSTAS

    Quais são os tipos de choque?

    Hipovolêmico: Quando há perda de volume sanguíneo total.
    Neurogênico: Quando há incompetência de estímulo nervoso para manutenção de tônus vascular E\OU frequência cardíaca compatível.
    Séptico: Quando existe um estímulo vasodilatador causado pelas toxinas bacterianas associado com toxinas endógenas vasodilatadoras (acidose).
    Cardiogênico: Quando há incompetência do coração para bombear. Exemplo seria em um tamponamento cardíaco, em que um líquido preenche o espaço que o coração tem para dilatar-se durante a diástole.

    Quais os tipos de choque possíveis neste caso?

    Neste caso é plausível admitir choque neurogênico e hipovolêmico. Teoricamente o cardiogênico é possível devido a alta energia do trauma e pelo fato de eu não ter descrito sintomas de tamponamento*, mas não é epidemiologicamente plausível, ainda mais com o achado de bradicardia.

    *Tríade de Beck em 40% dos casos: Hipotensão, veias ingurgitadas no pescoço, bulhas abafadas. Ainda é possível encontrar congestão pulmonar e pulso paradoxal. Os sintomas congestivos são devido ao aumento da pré-carga, hipertensão venosa, hipertensão pulmonar.

    O achado de bradicardia indica qual tipo de choque?

    Neurogênico. Em qualquer outro tipo de choque a taquicardia é a resposta nervosa. Na ausência de marca-passo a frequência inalterada ou bradicardia indica lesão dessa resposta.

    O achado de fratura de fêmur indica qual tipo de choque?

    Hipovolêmico. É descrito como passível de hemorragia de 2 litros por fêmur fraturado. Portanto não suficiente para tanta sintomatologia e muito menos para a não recuperação com volume infundido.

    O fato de o tratamento do choque inicial (3L de volume) ter sido refratário indica qual tipo de choque?

    Neurogênico. A árvore brônquica esticada é descrita como correspondente a superfície de um estádio de futebol. A vascular não fica atrás, a necessidade de sangue para preencher toda a capacidade vascular dilatada é enorme. É possível que um choque neurogênico responda a infusão mesmo que parcialmente e por isso ela continua sendo o tratamento inicial de qualquer choque, mesmo deste choque.

    O paciente teve as pernas elevadas com melhora instantânea da pressão arterial. Foi administrada noradrenalina em bomba de infusão contínua com sucesso na estabilização da pressão arterial. A Frequencia cardíaca obteve melhora.Considerando a causa de choque mais provável porque esse tratamento funcionou?

    Porquê com a melhora do retorno venoso propiciada com a elevação dos membros aumenta a pré-carga cardíaca o que resulta e maior pós-carga. Também diminui o número de capilares recebendo aporte sanguíneo. Uma espécie de centralização da circulação.

    A pupila midriática foi investigada com tomografia computadorizada (TC) que evidenciou crânio íntegro, hematoma subdural, edema cerebral, desvio da linha média e herniação das amígdalas. O paciente, agora estável a 110/70, foi enviado a neurocirurgia para descompressão.

    Qual foi a causa do choque?

    O choque neurogênico foi causado por um trauma cerebral. Mais especificamente pela herniação das amígdalas.

    Como é possível um hematoma intracraniano sem fratura de crânio?

    O epidural depende da ruptura de vasos ou do sangramento da díploe. O subdural depende da distensão ou compressão do parênquima cerebral causado pela aceleração e desaceleração brusca. O mesmo movimento é causador do efeito chicote que pode causar ruptura de axônios.

    Qual a implicação do desvio da linha média?

    O desvio da linha média causa o estiramento do mesencéfalo, que é tracionado pelas estruturas superiores. Esse estiramento afeta os centros de manutenção de capacidade vital.

    Qual a implicação da herniação das amígdalas?

    A herniação das amígdalas é na verdade o resultado do aumento da pressão intracraniana. As primeiras estruturas a “sair” pelo forame magno são as amígdalas. Isso comprime o bulbo e consequentemente os centros de manutenção da capacidade vital. É exatamente o mecanismo oposto do desvio da linha média.

    Ufa! Esse foi grande! Agradeço a quem leu até o final!

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  2. RESPOSTAS

    Quais são os tipos de choque?

    Hipovolêmico: Quando há perda de volume sanguíneo total.
    Neurogênico: Quando há incompetência de estímulo nervoso para manutenção de tônus vascular E\OU frequência cardíaca compatível.
    Séptico: Quando existe um estímulo vasodilatador causado pelas toxinas bacterianas associado com toxinas endógenas vasodilatadoras (acidose).
    Cardiogênico: Quando há incompetência do coração para bombear. Exemplo seria em um tamponamento cardíaco, em que um líquido preenche o espaço que o coração tem para dilatar-se durante a diástole.

    Quais os tipos de choque possíveis neste caso?

    Neste caso é plausível admitir choque neurogênico e hipovolêmico. Teoricamente o cardiogênico é possível devido a alta energia do trauma e pelo fato de eu não ter descrito sintomas de tamponamento*, mas não é epidemiologicamente plausível, ainda mais com o achado de bradicardia.

    *Tríade de Beck em 40% dos casos: Hipotensão, veias ingurgitadas no pescoço, bulhas abafadas. Ainda é possível encontrar congestão pulmonar e pulso paradoxal. Os sintomas congestivos são devido ao aumento da pré-carga, hipertensão venosa, hipertensão pulmonar.

    O achado de bradicardia indica qual tipo de choque?

    Neurogênico. Em qualquer outro tipo de choque a taquicardia é a resposta nervosa. Na ausência de marca-passo a frequência inalterada ou bradicardia indica lesão dessa resposta.

    O achado de fratura de fêmur indica qual tipo de choque?

    Hipovolêmico. É descrito como passível de hemorragia de 2 litros por fêmur fraturado. Portanto não suficiente para tanta sintomatologia e muito menos para a não recuperação com volume infundido.

    O fato de o tratamento do choque inicial (3L de volume) ter sido refratário indica qual tipo de choque?

    Neurogênico. A árvore brônquica esticada é descrita como correspondente a superfície de um estádio de futebol. A vascular não fica atrás, a necessidade de sangue para preencher toda a capacidade vascular dilatada é enorme. É possível que um choque neurogênico responda a infusão mesmo que parcialmente e por isso ela continua sendo o tratamento inicial de qualquer choque, mesmo deste choque.

    O paciente teve as pernas elevadas com melhora instantânea da pressão arterial. Foi administrada noradrenalina em bomba de infusão contínua com sucesso na estabilização da pressão arterial. A Frequencia cardíaca obteve melhora.Considerando a causa de choque mais provável porque esse tratamento funcionou?

    Porquê com a melhora do retorno venoso propiciada com a elevação dos membros aumenta a pré-carga cardíaca o que resulta e maior pós-carga. Também diminui o número de capilares recebendo aporte sanguíneo. Uma espécie de centralização da circulação.

    A pupila midriática foi investigada com tomografia computadorizada (TC) que evidenciou crânio íntegro, hematoma subdural, edema cerebral, desvio da linha média e herniação das amígdalas. O paciente, agora estável a 110/70, foi enviado a neurocirurgia para descompressão.

    Qual foi a causa do choque?

    O choque neurogênico foi causado por um trauma cerebral. Mais especificamente pela herniação das amígdalas.

    Como é possível um hematoma intracraniano sem fratura de crânio?

    O epidural depende da ruptura de vasos ou do sangramento da díploe. O subdural depende da distensão ou compressão do parênquima cerebral causado pela aceleração e desaceleração brusca. O mesmo movimento é causador do efeito chicote que pode causar ruptura de axônios.

    Qual a implicação do desvio da linha média?

    O desvio da linha média causa o estiramento do mesencéfalo, que é tracionado pelas estruturas superiores. Esse estiramento afeta os centros de manutenção de capacidade vital.

    Qual a implicação da herniação das amígdalas?

    A herniação das amígdalas é na verdade o resultado do aumento da pressão intracraniana. As primeiras estruturas a “sair” pelo forame magno são as amígdalas. Isso comprime o bulbo e consequentemente os centros de manutenção da capacidade vital. É exatamente o mecanismo oposto do desvio da linha média.

    Ufa! Esse foi grande! Agradeço a quem leu até o final!

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