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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Semiologia I

CURIOSIDADE:


SINAIS DE APENDICITE AGUDA

Ponto de McBurney
O ponto apendicular situa-se geralmente na extremidade dos dois terços da linha que une a espinha ilíaca antero-superior direita ao umbigo. Cumpre lembrar que nas crianças o ceco localiza-se um pouco mais acima, e nas pessoas adultas é necessário levar em conta o biótipo, pois, a projeção superficial dos órgãos varia bastante. O ponto apendicular denomina-se também de ponto de McBurney. Alguns sinais são descritos a seguir:

Sinal de Aaron: Dor ou sensação de desconforto no epigástrio ou região precordial ao se comprimir o ponto de McBurney;

Sinal de Blumberg: Dor à descompressão brusca da FID;

Sinal de Dunphy: Dor em FID que piora com a tosse;

Sinal de Lapinsky: Dor a compressão da FID quando o paciente eleva o MID estendido;

Sinal de Lenander: Diferença da temperatura retal e axilar > 1ºC (retal > axilar);

Sinal do Obturador: Dor em FID ao realizar a rotação interna do MID flexionado

Sinal do Psoas: Paciente em DLE, dor em FID à extensão e abdução do MID

Sinal de Rovsing: Dor na FID à compressão da FIE;

Sinal de Ten Horn: Dor abdominal causada por tração suave do testículo direito.


CASO CLÍNICO XVI:


Identificação: feminino, 39 anos, branca, natural e residente de Curitiba-PR
QP: “Falta de ar”
HMA: Paciente no segundo trimestre de gestação iniciou quadro de dispneia há 2 meses. Refere dispneia aos médios esforços que passou progressivamente aos pequenos esforços de duração constante. Como sintomas associados apresenta ortopneia, dispneia paroxística noturna, episódios frequentes de palpitações que ocorrem aproximadamente 2 vezes/semana, duas síncopes associadas ao esforço físico, fadiga, rouquidão, disfagia baixa aos alimentos sólidos e um quadro sugestivo de AIT há 1 mês. Nega dor torácica, edema de MMII, chiado no peito, hemoptise e tosse.
HMP: Refere vários episódios de amigdalite na infância sem tratamento adequado. Nega operações e internamentos anteriores. Nega HAS, DM e dislipidemia. Nega alergias.
HMF: Pai faleceu aos 64 anos de IAM. Mãe viva com 70 anos, hipertensa e diabética. Irmãos sem morbidades.
CHV: Mora em casa de alvenaria e tem alimentação balanceada. Nega tabagismo, etilismo e tóxicos.

EXAME FÍSICO:

GERAL: Paciente em REG, LOTE, anictérica, acianótica, hidratada, normocorada. PA deitada: 110-70mmHg; PA sentada: 100-70; pulso: 72rpm (irregularmente irregular); FR: 28rpm; T: 36,7°C.
C/P: Rubor malar. Mucosas úmidas e coradas. Oroscopia Normal. Ausência de linfonodomegalia e sopros em região cervical. Tireoide não palpável. Jugulares não ingurgitadas.
TÓRAX: MV diminuídos em ambas as bases sem RA.
ACV: Ictus cordis invisível e palpável em 5° EICE. M1 hiperfonética com estalido de abertura de valva mitral. Sopro em ruflar mesodiastólico em foco mitral (++/6+) que se acentua com o aperto de mão.
ABDÔMEN: globoso compatível com gravidez com RHA presentes. Ausência de hepatoesplenomegalia. Ausência de dor a palpação.
MMII: Pulsos presentes e simétricos bilateralmente. Ausência de edema.


EXAMES COMPLEMENTARES:


ECG:


Qual o provável diagnóstico?

Qual seria o fator gatilho para o início da sintomatologia?

Qual significado clínico da disfagia e da rouquidão?

Quais os sintomas e sinais compatíveis com a complicação do quadro vista no ECG?

RESPOSTA AO CASO CLÍNICO XVI:

            O provável diagnóstico é estenose mitral (EM) e fibrilação atrial (FA), como complicação da valvulopatia pela fibrose e aumento do átrio esquerdo. Geralmente, a estenose mitral é de origem reumática, como podemos observar na história, onde há indícios para se acreditar que seja proveniente das amigdalites sem tratamento adequado. Ocorre uma obstrução ao fluxo para o VE, aumentando a pós-carga e diminuindo o débito cardíaco, daí surge a fadiga. Por outro lado, existe um aumento na pressão progressivo nessa ordem do AE, P venosa pulmonar, P capilar pulmonar (dispneia), P arterial pulmonar, insuficiência cardíaca direita (edema, hepatomegalia, ingurgitamento jugular, ascite). A hemoptise pode ser consequência da rotura das anastomoses das veias brônquicas, além disso graças a sobrecarga atrial esquerda pode precipitar um edema agudo de pulmão. Alguns sintomas peculiares são a rouquidão (Síndrome de Ortner) e a disfagia, os dois em decorrência do aumento do átrio esquerdo que comprime o nervo laríngeo recorrente e o esôfago, respectivamente. As síncopes são contribuídas tanto pela EM quanto pela FA, que nessa última perde a fase de enchimento rápido do VE. Além disso a FA, cursava com palpitações e o quadro de AIT pela formação de trombos no AE para circulação sistêmica. Por esse motivo, é necessário anticoagular a paciente pelo escore CHADS2.
            Ao exame físico, podemos encontrar fácies mitralis (rubor malar); sinais de ICE (dispneia aos esforços, DPN, ortopneia, edema agudo de pulmão com estertores crepitantes); sinais de ICD (turgência jugular, hepatomegalia, ascite, edema de MMII); pulso irregularmente irregular característico de FA. No exame do ACV, o ictus geralmente não está desviado, pois não há sobrecarga de VE. Na ausculta, a B1 é hiperfonética, existe um estalido de abertura mitral e o sopro clássico é o diastólico em ruflar em foco mitral com reforço pré-sistólico (reforço se não houver FA) que se acentua com o exercício isométrico como o aperto de mão. Se houver hipertensão pulmonar, a P2 é hiperfonética, sopro diastólico de insuficiência pulmonar (Graham Steel) e um sopro de insuficiência tricúspede (Manobra de Rivero Carvalho, ou seja, na inspiração fica mais audível).
            Aparentemente, o fator gatilho para descompensar essa EM foi a gestação. No ECG podemos encontrar FA: ondas R com distâncias diferentes entre vários complexos, ausência de onda P e desvio do eixo para o quadro superior E (AVF negativo), graças ao aumento do AE.


José Vitor Martins Lago

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